População Economicamente Ativa (PEA): O que é e como funciona

A saúde econômica de um país é avaliada por diversos indicadores, sendo um dos mais relevantes a População Economicamente Ativa (PEA). No Brasil, esse índice é amplamente utilizado para entender o cenário do mercado de trabalho e o comportamento da economia como um todo. A PEA indica não apenas o número de pessoas empregadas, mas também aquelas que estão ativamente procurando emprego.

Neste artigo, você vai entender com profundidade o que é a População Economicamente Ativa, como ela é calculada, qual a diferença entre PEA e PEI (População Economicamente Inativa), como a força de trabalho se distribui entre os setores da economia e por que esses dados são cruciais para a formulação de políticas públicas e o desenvolvimento sustentável do país.

O que é a População Economicamente Ativa (PEA)

A População Economicamente Ativa é o grupo de pessoas, dentro de uma determinada faixa etária, que está inserido no mercado de trabalho, seja ocupada ou desocupada, desde que esteja buscando ativamente uma ocupação.

No Brasil, a idade considerada para fazer parte da PEA varia entre 10 e 65 anos. Apesar de esse intervalo parecer amplo, ele reflete a realidade socioeconômica do país, onde muitos jovens iniciam sua trajetória laboral ainda na adolescência. Em países desenvolvidos, esse limite costuma ser entre 15 e 60 anos, o que demonstra diferenças estruturais no mercado de trabalho.

A PEA é uma ferramenta essencial para medir a atividade econômica, já que revela o grau de ocupação da população e o nível de desemprego, além de embasar a criação de políticas públicas voltadas ao emprego, renda e inclusão produtiva.

Diferença entre PEA e PEI

Enquanto a PEA engloba aqueles que estão trabalhando ou procurando emprego, a População Economicamente Inativa (PEI) refere-se ao grupo de pessoas que não está disponível para o mercado de trabalho.

A PEI inclui:

Crianças com menos de 10 anos

Idosos acima da idade considerada economicamente ativa

Aposentados que não buscam mais emprego

Estudantes que não trabalham

Pessoas com deficiência que não têm condições de trabalhar

Indivíduos que desistiram de procurar trabalho (os chamados “desalentados”)

Esse último grupo, os desalentados, é particularmente importante para a análise macroeconômica. Como eles não estão ativamente procurando emprego, não entram nas estatísticas oficiais de desemprego, o que pode subestimar os dados reais do mercado de trabalho.

A PEA e os setores econômicos

A força de trabalho brasileira está distribuída entre três grandes setores da economia: primário, secundário e terciário.

Setor Primário

É composto pelas atividades que envolvem a extração e produção de matérias-primas, como agricultura, pecuária, pesca e mineração. No passado, era o principal setor empregador no Brasil, refletindo a base agrária da economia.

Setor Secundário

Inclui as atividades industriais, onde ocorre a transformação da matéria-prima em bens de consumo e produtos intermediários. Aqui estão incluídas as indústrias de manufatura, construção civil, energia, entre outras.

Setor Terciário

Abrange comércio e serviços, como saúde, educação, transporte, finanças e tecnologia. Atualmente, é o principal empregador no Brasil, alinhando-se à tendência global de terciarização da economia.

Em países desenvolvidos, a maioria da população economicamente ativa está concentrada neste setor, devido à sua capacidade de gerar empregos com maior valor agregado e melhores salários.

Apesar da predominância do setor terciário no Brasil, a qualidade média dos empregos ainda é inferior à dos países desenvolvidos, o que aponta para desafios na qualificação da mão de obra e no fortalecimento do mercado interno.

Como é calculada a População Economicamente Ativa (PEA)

A metodologia de cálculo da PEA no Brasil é definida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base na PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

A PEA é composta por dois grandes grupos:

• Ocupados: pessoas que exercem algum tipo de atividade remunerada ou não, incluindo:

• Empregados formais e informais

• Empregadores

• Trabalhadores por conta própria (inclusive MEIs e freelancers)

• Trabalhadores familiares não remunerados

• Desocupados: indivíduos que não possuem trabalho, mas estão disponíveis e procurando ativamente por uma vaga

A soma desses dois grupos representa o total da PEA. Quando comparada com a População em Idade Ativa (PIA), é possível calcular a taxa de participação, que revela a proporção de pessoas engajadas no mercado de trabalho em relação à população apta a trabalhar.

Por que mensurar a PEA é tão importante

Medir a População Economicamente Ativa permite acompanhar a saúde do mercado de trabalho e a efetividade das políticas econômicas adotadas pelo governo. Além disso, o acompanhamento constante da PEA possibilita:

Diagnosticar o nível de desemprego e sua distribuição por setores e regiões

Identificar movimentos de desalento e inatividade forçada

Planejar políticas públicas de geração de emprego, qualificação profissional e inclusão produtiva

Monitorar a informalidade e a precarização do trabalho

Avaliar o impacto de ciclos econômicos, como recessões e booms econômicos, sobre a empregabilidade

Em cenários de crise econômica, a PEA tende a se retrair, refletindo o aumento do número de pessoas que desistem de buscar trabalho. Por outro lado, em períodos de expansão, mais indivíduos são absorvidos pelos setores produtivos, o que estimula o consumo, a renda e o crescimento econômico.

Impactos da PEA nas decisões de políticas econômicas

A análise da PEA é fundamental para o desenho de políticas públicas eficazes. Com base nos dados da população ativa, o governo pode:

Definir políticas de incentivo à geração de empregos formais;

Identificar áreas prioritárias para investimento em educação profissional e tecnológica;

Estimular a formalização de trabalhadores informais;

Criar programas de inserção de jovens e grupos vulneráveis no mercado de trabalho;

Direcionar políticas regionais de desenvolvimento, com base nas necessidades específicas da força de trabalho local.

Por exemplo, se os dados mostram crescimento na participação do setor terciário, pode-se investir em qualificação para profissões ligadas a serviços, tecnologia e finanças. Se há um aumento no número de trabalhadores por conta própria, políticas voltadas ao microcrédito, capacitação e apoio a pequenos empreendedores podem ser desenvolvidas para garantir maior estabilidade e produtividade nesse segmento.

Impactos da PEA nas decisões de políticas econômicas

A População Economicamente Ativa também está diretamente ligada a outros indicadores macroeconômicos importantes, como:

• Taxa de desemprego: Reflete a proporção de pessoas desocupadas em relação à PEA.

• Taxa de participação: Mede o quanto da população em idade ativa está participando efetivamente do mercado de trabalho.

• Produto Interno Bruto (PIB): O desempenho da PEA afeta diretamente a produtividade nacional e, consequentemente, o crescimento do PIB.

• Renda média do trabalhador: Indicador importante para avaliar o poder de consumo das famílias e o nível de bem-estar econômico da população.

Essas inter-relações mostram como a PEA é muito mais do que um dado estatístico, ela representa a força motriz da economia e, portanto, deve ser constantemente monitorada e analisada com profundidade.

Conclusão

A População Economicamente Ativa (PEA), é um dos pilares para compreender a dinâmica econômica de qualquer país. No Brasil, ela reflete não apenas o tamanho da força de trabalho, mas também sua distribuição, suas características e suas vulnerabilidades.

Ao analisar a PEA, governos, empresas e investidores podem tomar decisões mais informadas, fundamentadas em dados concretos sobre o mercado de trabalho e o desempenho da economia.

Portanto, compreender a importância e o funcionamento da PEA é essencial para quem deseja interpretar os rumos da economia brasileira e identificar oportunidades de crescimento, seja na formulação de políticas públicas, na alocação de investimentos ou no desenvolvimento de estratégias empresariais e profissionais.

O futuro da economia brasileira passa, inevitavelmente, por uma melhor compreensão e valorização da sua população economicamente ativa.

Caio Maillis

Gestor Financeiro, graduando em Ciências Econômicas e
Pós-graduando em Finanças, Investimentos e Banking.

Caio Maillis

Gestor Financeiro, graduando em
Ciências Econômicas e
Pós-graduando em Finanças,
Investimentos e Banking.

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