Reserva de emergência: O que é, como fazer e onde investir?

Ter uma reserva de emergência é um dos pilares fundamentais para uma vida financeira saudável. Mas, o que é exatamente essa reserva, quem deve ter, quando usar ou não usar, como calcular o quanto deve ter nessa reserva e onde investir?

Neste artigo, nós vamos conversar sobre todos esses pontos de forma simples e objetiva, para você entender qual a importância de ter uma reserva de emergência, como montar a sua, e quais diferenças ela fará na sua vida.

Bora descobrir? Boa leitura!

O que é Reserva de Emergência?

A reserva de emergência nada mais é do que um montante de dinheiro reservado exclusivamente para cobrir imprevistos e emergências financeiras na sua vida. Simples, não?

Mais ou menos! O conceito de reserva de emergência é simples, porém existem algumas coisas que devemos levar em consideração para entender da maneira correta o que é exatamente a reserva.

Para isso, vamos aprofundar um pouco mais. Podemos dizer que a reserva é um valor que deve estar investido, que tenha rendimento maior do que a inflação, para evitar que você perca o poder de compra, ou no caso, a segurança que esse valor proporciona, e que precisa possuir liquidez imediata, porque de nada adianta ter um paraquedas se não puder abrir no momento da queda, só dois ou três dias depois.

Quem deve ter uma Reserva de Emergência?

Emergências podem acontecer com qualquer pessoa e a qualquer momento, por isso é importante estar preparado para as situações desagradáveis que podem aparecer. Como a reserva de emergência é uma espécie de “rede de segurança” para situações inesperadas, é essencial que todas as pessoas tenham a sua. Independente da renda que possua, ou em que fase da vida esteja.

Um jovem iniciando sua vida profissional pode precisar da reserva por conta da instabilidade de possíveis trocas de emprego até se encontrar em uma área.

Já um profissional bem consolidado no mercado, pode ter um bom salário e por isso um custo de vida relativamente alto, nesse caso a reserva serve para uma possível demissão, para garantir uma recolocação adequada.

Empreendedores e autônomos são os grupos que mais precisam ter suas finanças muito bem controladas, justamente por muitos possuírem renda variável, é importante garantirem a sua segurança financeira.

Mesmo para os aposentados ou idosos, uma reserva pode ser muito interessante para cobrir despesas médicas imprevistas ou qualquer outra situação de emergência que pode aparecer.

Quando usar e quando não usar a Reserva de Emergência?

Saber em quais momentos você deve usar a sua reserva, e em quais não deve, é tão importante quanto saber como construí-la. Mas como saber o que é uma emergência para usar o dinheiro da reserva?

Quando usar a Reserva de Emergência?

• Perder o emprego: Como já foi mencionado nesse artigo, uma das principais emergências que demandam o uso da reserva, é o desemprego. Perder a principal fonte de renda, pode prejudicar profundamente a vida de alguém.

Por isso, em casos de ficar sem trabalho, a reserva de emergência não só pode, mas como deve ser utilizada para cobrir as despesas, até que se encontre uma nova fonte de renda.

Além de garantir que você poderá buscar novas oportunidades com tranquilidade, sem precisar aceitar a primeira coisa que aparecer antes de uma boa análise na proposta.

• Despesas médicas: Infelizmente nós todos estamos sujeitos a adoecer, e em grande parte dos casos, as doenças aparecem sem aviso prévio. Caso você, ou alguém da sua família, fique doente, é muito interessante ter uma reserva, para assim ser capaz de arcar com consultas, exames e procedimentos, sem precisar acumular dívidas ou ficar meses na espera pelo sistema único de saúde (SUS).

• Reparos urgentes: Se de repente algo importante quebrar, faz sentido ter dinheiro para arrumar. Desde eletrodomésticos, vazamentos em casa e veículos quebrados, até enchente ou incêndio, ter uma reserva vai garantir que você possa consertar o que precisa, sem abalar profundamente sua vida financeira.

É indispensável que você analise muito bem o que é ou não, uma emergência que precisa do dinheiro da reserva, antes de tirá-lo. Muitas vezes faz mais sentido apertar um pouco as contas e fazer alguns cortes para cobrir despesas adicionais, do que retirar da reserva.

Isso porque, se você enxergar tudo que acontece fora do planejado, como uma emergência que a reserva irá cobrir, pode ficar sem ela, e caso alguma emergência maior e mais importante apareça, não terá como cobri-la.

Em outras palavras, é ter sempre dinheiro guardado, com fácil acesso, para “te salvar”, sem precisar recorrer a empréstimos bancários, limites de cartões de crédito ou mesmo vender investimentos de longo prazo em momentos em que você perderá dinheiro.

Quando não usar a Reserva de Emergência?

• Despesas planejadas: Se você está planejando fazer uma viagem ou mesmo comprar algum bem, como casa ou carro, esses gastos não devem ser cobertos pela reserva de emergência. Para isso, o ideal é ter uma estratégia específica de poupar dinheiro para a realização de desejos.

• Investimentos: Você não deve utilizar a sua reserva de emergência para investir em oportunidades que o mercado possa oferecer. Lembre-se que a reserva deve ter liquidez imediata, e investimentos de longo prazo ou com grau de risco de médio à alto, podem fazer você perder dinheiro caso precise resgatar imediatamente.

Como criar uma Reserva de Emergência

Agora que você entendeu bem a importância de uma reserva de emergência, precisa saber como construí-la. Algumas ideias podem te ajudar nesse processo, são elas:

• Se organize: Nada funciona quando está bagunçado, então o primeiro e mais importante passo é a organização financeira, entenda o quanto você ganha e o quanto você gasta. Uma dica importante aqui é você fazer um bom orçamento pessoal, colocando todas as suas fontes de renda, já descontando impostos, e categorizar todos os gastos, fixos e variáveis, para entender para onde exatamente vai o seu dinheiro.

• Comece pequeno: Você não precisa guardar metade do que ganha logo no primeiro mês, se não consegue fazer isso. A ideia é que você crie também o hábito de poupar e ainda melhor, o hábito de investir o seu dinheiro.

Por isso comece pequeno, entenda o quanto você precisa ter na reserva de acordo com a sua realidade (falaremos disso em breve nesse artigo), e coloque pequena metas de poupança. Pense assim, guardar uma quantia significativa de dinheiro é melhor do que guardar pouco, porém, guardar pouco é melhor do que não guardar nada.

É um excelente começo, e lembre-se que você pode ir sempre aumentando o valor que consegue guardar, sempre é claro, de acordo com a sua realidade.

• Faça no automático, ou pague-se: Aqui vai uma dica para te ajudar na hora de guardar dinheiro, você pode fazer de duas maneiras, ambas são bastante eficientes. A primeira é fazer no automático, literalmente, você pode configurar seu aplicativo do banco para fazer pagamentos automáticos para a conta na qual vai investir o valor guardado.

A segunda é se pagar primeiro. Como funciona? Você irá se pagar como se fosse uma prestação, todos os meses, mas fará esse pagamento antes de pagar as outras contas.

Defina um valor no qual faça sentido para a sua realidade, e assim que receber sua renda, efetue o pagamento. Você pode chamar a prestação de “eu do futuro”, afinal, no futuro você se agradecerá por ter feito esses pagamentos.

• Invista o dinheiro: Só guardar não resolve, porque só isso não garante que seu dinheiro renderá mais do que a inflação. A inflação corrói o valor do dinheiro no tempo, falando em números isso quer dizer que R$ 1.000,00 em 2024, compra menos do que era possível comprar com R$ 1.000,00 em 2004, e que em 2034 comprará ainda menos do que o mesmo valor compra hoje.

Inclusive você pode acessar a calculadora do cidadão para ver as correções de valores ao longo do tempo no site do Banco Central, clicando aqui.

É para isso que servem os investimentos, além de aumentar nosso patrimônio ao longo do tempo, garantir que o nosso dinheiro não perca o poder de compra.

Agora que você já sabe como criar a reserva, precisa aprender a calcular o valor que precisa guardar.

Como calcular o valor da Reserva de Emergência

O cálculo da reserva de emergência é diferente para cada pessoa, porque é preciso levar em consideração despesas mensais e a provável estabilidade financeira que possuem.

Porém existe um consenso entre nós, especialistas financeiros. Recomendamos que uma reserva de emergência tenha o valor equivalente de 6 a 12 meses de gastos de uma pessoa.

Sendo que, se você entender que tem uma certa estabilidade no trabalho, se é difícil que te demitam, deve guardar 6 meses. Por outro lado, se você é autônomo ou empreendedor, o recomendado é que tenha o equivalente a 12 meses de seus gastos mensais em sua reserva.

Para você entender melhor, eu separei alguns exemplos com diferentes perfis:

Exemplo 1
Exemplo 2
Exemplo 3

• Perfil: Renan, jovem, solteiro, sem filhos, emprego de carteira assinada.

• Despesas Mensais: R$ 2.000,00

• Reserva Recomendada: 6 meses de despesas, o equivalente a R$ 12.000,00.

• Perfil: Letícia, casada, 2 filhos, empreendedora.

No caso da Letícia temos que observar algo importante, como ela é casada, divide as contas da casa com seu marido, que trabalha com carteira assinada. O que fazer nesse caso?

Podemos considerar que nesse caso, é um risco moderado. Não é baixo porque ela é empreendedora, e caso as vendas não sejam boas em um mês ou outro, ou mesmo aconteça algo que ela não possa trabalhar, ficará com a renda prejudicada.

Porém não é alto o risco de imprevistos abalarem a vida financeira dela, pois o marido possui uma “estabilidade” maior no trabalho, podendo dividir as contas com ela.

Nesse caso podemos tirar a média ponderada dos dois prazos recomendados, (6 + 12) / 2 = 9. É recomendado que a reserva de Letícia tenha 9 meses de gastos.

• Despesas Mensais: R$ 4.000,00

• Reserva Recomendada: 9 meses de despesas, o equivalente a R$ 36.000,00.

• Perfil: Joaquim, idoso, casado, 3 filhos, aposentado

No caso de Joaquim, é um pouco diferente. Podemos entender que ele possui uma renda fixa todos os meses que é a sua aposentadoria, porém como já é um senhor de idade, não conseguirá complementar a renda com força de trabalho em caso de imprevisto financeiro, principalmente se for uma emergência de saúde.

Podemos concluir então que no caso dele, o risco de ter sua vida financeira abalada por alguma situação imprevista, é alto. Logo, devemos recomendar 12 meses de gastos para a reserva dele.

• Despesas Mensais: R$ 3.000,00

• Reserva Recomendada: 12 meses de despesas, o equivalente a R$ 36.000,00.

Não se esqueça de que cada caso é um caso, por isso é muito importante você analisar muito bem sua vida financeira, entender quais as receitas e despesas que tem, quais são seus gastos essenciais, quais você pode cortar, qual o grau de risco de você ficar sem trabalho ou sem renda de alguma forma. E aí sim, por meio dessa análise, definir qual é o valor ideal para a reserva de emergência.

Onde investir o dinheiro da Reserva de Emergência?

Como conversamos anteriormente, a reserva de emergência deve estar sempre disponível para uso imediato, isso significa que precisa ser investida em produtos financeiros que tenham alta liquidez e baixo risco. Alguns exemplos são:

Tesouro Selic

O Tesouro Selic é uma das melhores opções para investir a reserva de emergência. Ele oferece segurança, liquidez diária e um rendimento que acompanha a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia.

Para entender melhor sobre a taxa Selic, você pode ler esse artigo: Taxa Selic: O que é, como funciona e como afeta a economia

CDBs com liquidez diária

Alguns CDBs (Certificados de Depósito Bancário) oferecem liquidez diária, permitindo que você resgate seu dinheiro a qualquer momento sem perder o rendimento. Alguns possuem rendimento de 100% do CDI, o que também é mais interessante do que a poupança. Além disso oferecem cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).

Para entender melhor sobre CDBs, você pode ler esse artigo: O que é CDB? Entenda esse ativo de Renda Fixa.

E para entender melhor sobre o FGC, você pode ler esse: O que é Fundo Garantidor de Crédito (FGC), como funciona e quais investimentos protege.

Fundos DI

Os fundos de renda fixa DI são outra opção para quem busca rentabilidade acima da poupança, são fundos de investimentos que possuem no mínimo 95% do patrimônio investido em títulos públicos, que estão atrelados ao CDI ou a Selic.

Possuem baixo risco e alta liquidez, só é importante se atentar bem, pois esses fundos cobram taxa de administração, que é uma taxa cobrada pela gestora por administrar o fundo, o que pode fazer com que eles rendam um pouco menos. Além de também ter incidência de imposto de renda.

Perguntas Frequentes sobre Reserva de Emergência

O tempo necessário para construir sua reserva de emergência depende da sua capacidade e determinação de poupar. Isso quer dizer que pode levar de alguns meses até anos, dependendo da sua disciplina financeira e renda disponível.

A poupança é uma das piores opções, pois é a menos rentável, não garantido que seu dinheiro tenha rendimento superior a inflação. Produtos como os citados acima, o Tesouro Selic ou os CDBs com liquidez diária são mais vantajosos em termos de rendimento, sem sacrificar a segurança.

Não! A reserva de emergência deve ser mantida em produtos de alta liquidez e baixo risco, exclusivamente para situações de emergência. Você deve definir um valor mensal destinado somente para os investimentos.

O valor ideal depende de pessoa para pessoa, levando em considerando suas despesas mensais e estabilidade financeira. Mas em consenso geral, é recomendável ter de 6 a 12 meses de despesas guardados.

É importante revisar a reserva de emergência anualmente ou sempre que houver mudanças significativas em sua vida financeira, como um aumento de despesas ou mudança de emprego. É fundamental garantir que o valor acumulado ainda atenda às suas necessidades.

Conclusão

A reserva de emergência é essencial para a vida financeira e a construção de patrimônio de qualquer pessoa. Ela funciona como uma rede de segurança, permitindo que você enfrente os imprevistos com tranquilidade e principalmente, sem comprometer seus planos de longo prazo.

Lembre-se de calcular o valor adequado para sua reserva, pois cada um tem o seu, e de escolher os melhores investimentos para alocá-la. Com uma reserva de emergência bem estruturada, você estará preparado para qualquer eventualidade, mantendo suas finanças em ordem e o melhor, sua mente tranquila.

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Caio Maillis

Gestor Financeiro, graduando em Ciências Econômicas e Pós-graduando em Finanças, Investimentos e Banking.
Criador de conteúdo, roteirista do Mundo Investidor e empreendedor.

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