As expectativas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos de 2024 estão estáveis, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (30). Este relatório semanalmente divulgado pelo Banco Central (BC) a partir de consultas com economistas, é uma das principais referências para entender as projeções futuras de crescimento econômico, como PIB, inflação, taxa de juros e câmbio no Brasil.
Previsões Econômicas para o PIB
De acordo com o Boletim, a expectativa para o crescimento do PIB em 2024 tem uma projeção de 3%. Isso é justificado, em parte, pela performance da economia no segundo trimestre, quando o PIB subiu 1,4% em relação ao primeiro trimestre do ano. Essa alta também reflete um crescimento anual de 3,3% na comparação com o segundo trimestre de 2023, superando as expectativas iniciais.
Para 2025, a expectativa é de que o PIB deve ficar em 1,92%. Já para 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta um crescimento em torno de 2% para os dois anos.
Inflação acima da meta, mas dentro da tolerância
Outro ponto fundamental das previsões econômicas para 2024 é o comportamento da inflação. O Boletim Focus mostra que a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, está em 4,37% para este ano. Isso coloca a inflação acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Apesar de estar acima da meta, a inflação projetada ainda está dentro da faixa de tolerância, uma vez que o limite superior é de 4,5%.
Para 2025, a expectativa é de que a inflação caia para 3,97%, com novas quedas previstas para 2026 e 2027, com os índices projetados em 3,6% e 3,5%, respectivamente.
É importante ressaltar que o Brasil adotará um novo sistema de metas contínuas a partir de 2025, no qual o CMN não precisará mais definir uma meta de inflação a cada ano, estabelecendo um centro fixo de 3%, também com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Esse movimento sugere que o governo espera uma estabilização mais clara da inflação ao longo do tempo.
O impacto da inflação no poder de compra
Mesmo com projeções otimistas para a redução da inflação nos próximos anos, é essencial que o consumidor entenda como essas variações podem impactar diretamente o seu poder de compra. A inflação elevada corrói o poder de compra das famílias, especialmente em itens de consumo básico, como alimentação e habitação.
Expectativa de alta na Taxa de Juros
Outro fator central nas previsões econômicas é a taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 10,75% ao ano. A alta da Selic, implementada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, tem como principal objetivo controlar a inflação, reduzindo a demanda ao encarecer o crédito e incentivando a poupança.
No entanto, essa política de juros elevados também pode impactar negativamente o crescimento econômico, uma vez que dificulta o acesso a crédito para investimentos e consumo.
Para entender mais como funciona a taxa Selic, você pode ler esse artigo: Taxa Selic: O que é, como funciona e como afeta a economia.
Em 2023, a Selic passou por um ciclo de cortes graduais após atingir 13,75% ao ano em agosto de 2022, sendo reduzida por seis cortes de 0,5 ponto percentual e um corte de 0,25 ponto até atingir o patamar atual. Porém, o mercado financeiro já prevê que, a taxa Selic volte a subir, encerrando 2024 em 11,75% ao ano. Isso deve acontecer em função das incertezas no cenário econômico global e da possível pressão inflacionária interna.
Para 2025, a expectativa é de que a Selic comece a ser reduzida novamente, atingindo 10,75% ao ano, com novas quedas previstas para os anos seguintes: 9,5% em 2026 e 9% em 2027.
Essas previsões indicam que, no curto prazo, os juros mais altos continuarão dificultando a expansão da economia, mas, à medida que a inflação for controlada, o Banco Central deverá retomar uma política de cortes para estimular o crescimento econômico.
Projeção do Dólar
O boletim ainda considerou outro indicador importante nas projeções econômicas, que é a cotação do dólar, que influencia diretamente tanto a inflação quanto o desempenho da balança comercial brasileira. De acordo com o Boletim Focus, a expectativa para o dólar ao final de 2024 é de R$ 5,40, com uma leve queda prevista para 2025, quando a moeda norte-americana deve encerrar o ano cotada a R$ 5,35.
Essa previsão reflete uma expectativa de estabilidade no mercado cambial, apesar das oscilações comuns em função das políticas monetárias dos Estados Unidos, da volatilidade dos mercados internacionais e das tensões geopolíticas.
Para o Brasil, uma cotação do dólar em torno desse patamar pode representar um desafio para a inflação, uma vez que um real mais desvalorizado tende a encarecer produtos importados e pressionar os custos de insumos, o que impacta diretamente o preço final dos produtos ao consumidor.
Conclusão
As previsões econômicas para 2024 apontam para um cenário de crescimento moderado, inflação ainda dentro da faixa de tolerância, mas acima da meta, e uma possível elevação da taxa de juros para conter pressões inflacionárias.
A cotação do dólar deve permanecer estável, o que traz certa previsibilidade para o comércio exterior, mas ainda impõe desafios para o controle da inflação.
Esses fatores, em conjunto, desenham um panorama de cautela para o futuro da economia brasileira.
Com Agência Brasil