A Paridade do Poder de Compra (PPC) é um conceito essencial para compreender as diferenças no custo de vida entre diferentes países, além da real valorização de cada moeda no cenário global.
A PPC permite comparar o poder de compra de diferentes economias, indo além das taxas de câmbio nominais. Mas como funciona esse cálculo e quais são suas limitações? Neste artigo, iremos explorar o conceito da PPC, a sua importância e como ela pode impactar desde políticas econômicas até decisões de investimento.
Boa leitura!
O que é Paridade do Poder de Compra (PPC)
A Paridade do Poder de Compra (PPC) é um indicador utilizado para fazer a comparação entre o poder de compra de moedas de diferentes países. O intuito é entender qual o real valor de uma moeda frente a outra, e assim ter uma maior precisão quanto a fatores cambiais.
O objetivo é não tentar definir o valor das moedas somente com base em suas cotações, mas sim, no quanto efetivamente determinada moeda é capaz de adquirir de bens e serviços, em um contexto global.
Ou seja, entender se o mesmo que uma moeda pode comprar em sua país de origem, pode ao redor do mundo. Geralmente essa comparação entre moedas é feita com base no dólar norte-americano, já que, é a principal moeda internacional.
Além disso, para analisar a PPC podem ser utilizados os preços de bens e serviços, assim como o Produto Interno Bruto (PIB), a renda per capita ou mesmo os índices de preço que calculam a inflação.
Como a Paridade do Poder de Compra (PPC) funciona?
A Paridade do Poder de Compra (PPC) se baseia na lei do preço único, que diz que, na ausência de custos de transação e barreiras comerciais, bens e serviços idênticos devem ter o mesmo preço, mesmo que em países diferentes, quando convertidos para uma moeda comum.
No entanto, em uma rápida análise, é possível observar que mesmo em território nacional, existe a diferença nos preços de produtos. Basta viajar para outros estados para perceber essa alteração de uma região para a outra.
O preço do arroz no interior do Rio Grande do Norte, por exemplo, é completamente diferente do preço do mesmo item na capital de São Paulo. Isso acontece devido aos fatores de produção, como custos, impostos, taxas, níveis de concorrência, entre outros, e também como consequência da lei da oferta e da procura.
Logo, pode-se concluir que, a diferença do poder de compra, que já existe dentro de um mesmo país, se intensifica ainda mais quando se interpõe as fronteiras, sendo analisada internacionalmente.
É valioso ressaltar que, como a grande maioria dos conceitos em ciências econômicas, a aceitação da Paridade do Poder de compra não é unanimidade entre os economistas.
Apesar de importantes organizações como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) utilizarem a Paridade do Poder de Compra (PPC) como um índice de comparação da produtividade, poder de compra e crescimento das economias ao redor do mundo, alguns economistas a criticam, afirmando que preços, padrões de consumo e mesmo os modelos de produção podem variar muito entre as nações, sendo o suficiente para tornar o método ineficaz.
Como é calculada a Paridade do Poder de Compra (PPC)?
Para poder realizar o cálculo da PPC é importante compreender que o cálculo leva em consideração a fórmula da taxa de câmbio real, que nada mais é do que a taxa de câmbio nominal, ajustada pela diferença nos níveis de preço entre dois países.
Dito isso, é preciso que se utilize a taxa nominal na equação, além dos preços dos produtos analisados correspondentes de cada país. Vale lembrar ainda que, no geral, essa comparação é feita com base no dólar estadunidense.
A fórmula é:
E = e x (P¹ / P²)
Onde:
E = Taxa de câmbio real.
e = Taxa de câmbio nominal.
P¹= Índice de preço no primeiro país (normalmente, o dólar).
P² = Índice de preço no segundo país.
É a partir dessa razão que será possível entender a paridade de bens e serviços entre dois países. Onde, um resultado igual a 1, indica um preço único para os dois países, ou seja, o item possui o mesmo preço em ambos.
Já se o resultado for maior que 1, temos que o primeiro país possui um maior poder de compra, pagando mais barato pelo item, sendo o oposto verdadeiro, um resultado menor que 1, indica que o segundo país possui maior poder de compra.
Para deixar mais claro, vamos a um exemplo:
Imagine que, hipoteticamente, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Brasil tenha sido de 5%, enquanto o CPI, que é o índice que mede a inflação nos Estados Unidos, tenha sido de 3%. Enquanto a cotação do dólar, também hipoteticamente, esteja em US$ 5,00 para cada R$ 1,00.
Colocando esses valores na fórmula, temos:
E = e x (P¹/P²)
E = 5 x (103/105)
E = 5 x 0,98
E = 4,90
Isso quer dizer que, baseado na cesta de produtos que servem de base para o cálculo da inflação nos países analisados, para comprar um produto de US$ 1,00 nos Estados Unidos, um brasileiro precisa de R$ 4,90, enquanto um norte americano, precisa de US$ 0,20 para cada RS$ 1,00 gasto.
Índice Big Mac
O Índice Big Mac, muito conhecido no mercado financeiro, é uma excelente ferramenta para ilustrar a Paridade do Poder de Compra (PPC), uma vez que é baseado na teoria.
Criado em 1986 pela revista The Economist, o índice utiliza o famoso Big Mac, justamente por ser um produto padronizado e vendido em quase todos os países do mundo, para mostrar na prática como funciona a PPC.
Ele faz isso analisando o preço dos Big Macs em diferentes moedas e em seguida convertendo para uma moeda comum, no caso, o dólar. Por meio desse método simples é possível observar se existe uma valorização ou desvalorização das moedas frente à moeda norte-americana.
No entanto é preciso ressaltar que o Índice Big Mac também possui suas limitações, uma vez que não considera a diferença entre os custos de produção e impostos dos diferentes países.
Limitações da Paridade do Poder de Compra (PPC)
Apesar de ser uma ferramenta muito útil para entender e comparar o poder de compra de diferentes nações, assim como qualquer outro método, a Paridade do Poder de Compra (PPC) também possui suas limitações.
Uma delas está na dificuldade de conseguir comparar com precisão as cestas de consumo de diferentes países. Isso acontece porque essa cesta pode variar muito de região para região, da qualidade dos bens e serviços, além da possibilidade estar desatualizada.
Uma outra limitação é a volatilidade das taxas de câmbio nominal no curto prazo, o que pode levar as grandes variações, mudando completamente o resultado do cálculo, e assim não representando com precisão a diferença entre o poder de compra.
Conclusão
Em resumo, apesar de suas limitações, como as variações cambiais e as diferenças no custo de produção de cada país, a Paridade do Poder de Compra (PPC) é uma poderosa ferramenta para entender e avaliar o verdadeiro poder de compra dos países.
Seja para análise macroeconômica ou para entender o impacto das moedas no dia a dia, a PPC pode ser um indicador fundamental para quem deseja aprofundar seus conhecimentos sobre economia.
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