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P/VP: Como usar o indicador da maneira certa (evitando os erros mais comuns)

O P/VP aparece cedo na jornada de qualquer investidor. Ele é simples, direto e parece fornecer respostas rápidas sobre se uma ação está barata ou cara. E justamente por ser simples, ele gera uma quantidade enorme de interpretações equivocadas. Investidores iniciantes, e até alguns mais experientes, caem em armadilhas clássicas que distorcem totalmente a análise.

Este artigo aprofunda como usar o P/VP da maneira certa, evitando erros comuns que levam a decisões ruins. A ideia é mostrar como um analista profissional enxerga esse múltiplo, quando ele funciona, quando ele destrói valor e como integrá-lo a uma análise realmente consistente.

Você verá por que o P/VP não mede “barateza” sozinho, quais setores fazem sentido observar o múltiplo, como o patrimônio pode enganar e como interpretar distorções típicas do mercado brasileiro. A visão será sempre prática, contextualizada e aplicável, com exemplos reais do mercado.

O que realmente significa o P/VP

Antes de corrigir os erros, precisamos entender de forma técnica o que o P/VP representa. O indicador compara o valor de mercado de uma empresa (seu “P” é preço) com o seu patrimônio líquido contábil (o “VP” é valor patrimonial). Em teoria, ele mostra quanto o mercado paga por cada real de patrimônio da companhia.

Mas essa explicação, comum em livros didáticos, está longe de ser suficiente para uma análise profissional. Na prática, o patrimônio contábil é apenas um ponto de partida. A forma como ele é calculado, ajustado e depreciado altera completamente a interpretação do múltiplo. É por isso que dois P/VP idênticos podem representar realidades completamente opostas.

O patrimônio contábil não é o “valor real” da empresa

O patrimônio contábil reflete o que sobrou dos ativos menos os passivos na contabilidade, não na economia real. Essa diferença é fundamental. Máquinas são depreciadas de forma linear, imóveis são registrados ao custo histórico, ativos intangíveis raramente entram adequadamente e provisões podem subestimar riscos.

Por exemplo: bancos carregam carteiras de crédito cujo valor contábil depende de provisões que podem estar mais conservadoras ou mais frouxas. Isso afeta diretamente o VP. Já empresas industriais têm ativos físicos sujeitos a depreciações aceleradas. Empresas de tecnologia, por outro lado, têm patrimônios enxutos e valor real concentrado em intangíveis que quase não aparecem no balanço.

Resultado: um banco com P/VP de 1,0 pode estar caro; uma tech com P/VP de 6 pode estar barata. A contabilidade não mede valor justo, mede custo histórico ajustado. E é justamente por isso que o P/VP é útil, mas perigoso se usado sem interpretação.

Quando o P/VP funciona e quando ele distorce a análise

O P/VP só faz sentido quando estamos falando de empresas cujos ativos contábeis se aproximam do seu valor econômico. É por isso que analistas utilizam o múltiplo com consistência em setores como:

  • bancos
  • seguradoras
  • empresas elétricas
  • empresas de commodities
  • empresas com ativos tangíveis facilmente avaliáveis

Nesses casos, o patrimônio tem relação mais direta com geração de valor. O múltiplo, portanto, se torna informativo. Mas quando falamos de setores baseados em intangíveis, rede, marca ou tecnologia, o P/VP se torna quase inútil como ferramenta primária.

Casos em que o P/VP funciona muito bem

Bancos são o melhor exemplo. O patrimônio líquido reflete capital regulatório, provisões, ativos financeiros e exigências de Basileia. Quando o P/VP sobe, o mercado está precificando ROE alto e sustentabilidade. Quando cai, está incorporando risco de crédito, inadimplência ou deterioração estrutural.

Outro caso são transmissoras de energia. Esses negócios possuem contratos longos e Receita Anual Permitida (RAP) definida. O patrimônio representa, em grande parte, o valor investido para construir linhas de transmissão. Como o retorno é regulado, o P/VP se aproxima de uma forma de medir o retorno sobre o capital investido.

Mineradoras e siderúrgicas também apresentam relação mais direta entre patrimônio e geração de caixa. Não porque são previsíveis, mas porque o patrimônio físico é muito relevante para a operação.

Casos em que o P/VP não funciona ou ilude

Empresas do varejo, tecnologia, educação, saúde e serviços digitais são baseadas em marca, software, escala e distribuição. Tudo isso aparece muito pouco na contabilidade. Um P/VP alto não quer dizer caro, significa apenas que o ativo real está fora do balanço.

Da mesma forma, um P/VP baixo pode esconder destruição de valor. Muitas varejistas quebram com P/VP inferior a 1. Muitas startups negociam acima de 6 vezes P/VP por anos antes de gerar lucro. O múltiplo não mede risco, execução operacional ou eficiência.

P/VP baixo: oportunidade ou alerta de destruição de valor?

Um dos erros mais comuns é assumir que “P/VP baixo = ação barata”. Isso raramente é verdade. A maior parte das empresas que negociam muito abaixo do patrimônio o fazem por motivo claro: o mercado não acredita que aquele patrimônio seja capaz de gerar retorno suficiente.

Pense em empresas altamente alavancadas. O patrimônio pode até ser grande, mas se o retorno operacional é insuficiente para remunerar o custo da dívida, o VP se torna irrelevante. O múltiplo cai, mas não porque está barato, mas porque o patrimônio está se deteriorando.

Exemplos reais no mercado brasileiro

Nos últimos anos, várias empresas industriais negociaram por longos períodos com P/VP abaixo de 0,5. No papel, parece uma barganha. Mas, ao olhar o histórico, essas companhias apresentavam:

  • ROIC inferior ao custo de capital
  • patrimônio baseado em ativos que não geravam retorno
  • ciclos intensos de prejuízo
  • risco elevado de impairment
  • distorções contábeis nos ativos imobilizados

A combinação leva o mercado a incorporar que o patrimônio vale menos do que aparece no balanço, por isso o múltiplo cai. E, muitas vezes, cai justamente porque o VP está prestes a ser reduzido via impairment.

Por que o P/VP alto pode indicar força e não “ação cara”

Outro erro comum é achar que P/VP alto significa “empresa supervalorizada”. Em muitos setores, múltiplos elevados são um sinal claro de que a companhia gera valor acima do custo de capital. Investidores pagam mais por cada real de patrimônio porque aquele patrimônio rende mais do que o normal.

É o caso típico de bancos com ROE de 18% a 20%. Um banco que entrega 20% ao ano de retorno sobre o patrimônio raramente negociará próximo a 1. Empresas de tecnologia com crescimento estrutural seguem a mesma lógica: patrimônio contábil baixo, escalabilidade alta, geração de caixa crescente.

Na análise profissional, um P/VP acima de 2 pode ser totalmente justificável se o crescimento de lucros for consistente. Bancos digitais, seguradoras de nicho e empresas com leveza de capital frequentemente apresentam múltiplos bem acima do padrão contábil.

P/VP e ROE: a relação que praticamente define o múltiplo

Se existe uma fórmula prática que realmente faz sentido em análise de ações, é a relação entre P/VP e ROE. Para entender o múltiplo, você precisa olhar para o retorno que o patrimônio produz. O P/VP é, na prática, uma espécie de “multiplicador de ROE”.

Uma visão profissional costuma seguir esta lógica:

  • ROE alto e sustentável → P/VP tende a ser alto
  • ROE baixo ou deteriorando → P/VP tende a cair
  • ROE abaixo do custo de capital → P/VP tende a ser menor que 1

Isso resolve cerca de 70% das distorções que confundem investidores iniciantes. Se o retorno não paga o risco do negócio, o patrimônio será precificado como destruidor de valor. Se o retorno é consistente e crescente, o múltiplo se expande.

Erros comuns ao usar o P/VP e como evitá-los

Erro 1: achar que P/VP baixo é sempre oportunidade

Esse é o tropeço mais clássico. Investidores olham rankings de múltiplos, escolhem empresas com P/VP menor que 1 e concluem que estão “comprando patrimônio com desconto”. O que geralmente acontece é o contrário: o patrimônio está inflado, deteriorando ou incapaz de gerar retorno.

Para evitar isso, a regra prática é clara: Um P/VP só é “baixo demais” quando o histórico de ROE é saudável.

Erro 2: comparar P/VP entre setores incompatíveis

É impossível comparar o P/VP de uma empresa de tecnologia com o de uma refinaria de petróleo. Os modelos de negócio, ciclos de capital, riscos e estruturas contábeis são completamente diferentes.

Um múltiplo de 2 pode ser caro para uma transmissora e extremamente barato para uma empresa de software com crescimento de 40% ao ano.

Erro 3: ignorar impairments, provisões e reavaliações

A contabilidade é cheia de ajustes que mudam a percepção do VP. Empresas com histórico de impairments tendem a apresentar patrimônio elevado que será reduzido. Bancos com provisões abaixo do ciclo de crédito correto terão VP artificialmente inflado.

O analista experiente revisa:

  • histórico de impairments
  • políticas de provisão
  • ativos obsoletos
  • imobilizado superavaliado
  • intagíveis pouco úteis

Erro 4: usar o P/VP isoladamente para tomar decisões

O múltiplo é uma fotografia imperfeita. Ele nunca deve ser usado sozinho. A leitura profissional integra:

  • P/VP (valor de mercado sobre patrimônio)
  • ROE (retorno sobre patrimônio)
  • crescimento de lucros
  • qualidade dos ativos
  • custo de capital

Sem essa combinação, a análise fica superficial e altamente enganosa.

Como usar o P/VP da maneira certa (passo a passo de analista)

Agora que já tratamos de onde o múltiplo brilha e onde ele falha, vamos para a parte prática: como um analista de ações realmente utiliza o P/VP em uma avaliação profissional.

1. Comece pelo setor

Não existe interpretação universal. Antes de tudo, entenda se o setor permite o uso consistente do P/VP. Para bancos, seguradoras e elétricas, ele é essencial. Para varejo e tecnologia, é periférico ou irrelevante.

2. Verifique a qualidade do patrimônio

O passo seguinte é entender se aquele patrimônio realmente gera valor. Aqui entram:

  • alavancagem
  • qualidade dos ativos
  • risco operacional
  • impairments passados

Quanto maior a chance de o patrimônio ser reduzido, menos informativo o múltiplo.

3. Compare P/VP com ROE

Essa é a etapa central da análise. Se o P/VP for baixo, mas o ROE for estruturalmente alto, há potencial de oportunidade. Se o P/VP for baixo com ROE baixo, há destruição de valor. Se o múltiplo for alto com ROE crescente, a empresa merece prêmio.

4. Ajuste o múltiplo para crescimento

Empresas com crescimento sólido tendem a ter múltiplos elevados por um motivo: o mercado paga por expansão. Avaliar um P/VP elevado fora do contexto de crescimento é erro comum.

5. Use o múltiplo como complemento, não como guia

O P/VP deve ser usado como parte de uma estrutura maior de análise. Ele não diz se a empresa é boa; diz apenas como o mercado está precificando o patrimônio. A interpretação final depende do conjunto da obra.

Casos reais: como o P/VP orienta decisões no mercado brasileiro

Para tornar a análise concreta, vamos observar alguns padrões recorrentes no mercado brasileiro.

Bancos: relação direta entre ROE e P/VP

Nos grandes bancos brasileiros, o múltiplo oscila de acordo com percepção de risco, inadimplência e sustentabilidade do ROE. Quando o retorno sobe, o múltiplo expande. Quando há tensão no crédito, o múltiplo contrai.

Elétricas: contratos regulados e previsibilidade

Transmissoras e distribuidoras apresentam relação clara entre retorno regulado e patrimônio. Nesse setor, o P/VP se aproxima de um termômetro de eficiência e capacidade de crescimento.

Varejo: múltiplo que não diz quase nada

No varejo, o patrimônio não reflete vantagem competitiva. A empresa pode ter muitos ativos físicos que não geram valor, mas o P/VP continuará parecendo “barato”. Por isso, varejo exige olhar caixa, ciclo financeiro, margens e alavancagem e não P/VP.

Tech: patrimônio irrelevante, valor concentrado em intangíveis

Empresas de tecnologia negociam com P/VP altos por um motivo simples: patrimônio quase zero e valor concentrado em software, dados e marca. O múltiplo não funciona aqui.

Como integrar o P/VP ao processo completo de análise de ações

Se você quer utilizar o P/VP de forma profissional, ele precisa estar inserido em uma metodologia completa. Isso envolve múltiplos, fluxo de caixa, retorno sobre capital, análise setorial e risco. Se quiser entender como montar essa estrutura de forma sólida, como um investidor profissional, aconselho que leia o guia completo de como analisar ações.

O ponto central é: o P/VP depende de contexto. Sem ele, o número é inútil.

Conclusão

O P/VP não é um indicador de “barateza”, tampouco um sinal de que a empresa está cara. Ele é, na verdade, um reflexo da percepção do mercado sobre a capacidade estrutural do patrimônio gerar retorno ao longo do tempo.

Quando o P/VP é baixo e o ROE é fraco, há destruição de valor. Quando o P/VP é alto e o ROE é forte, há criação de valor. O múltiplo precisa ser lido junto de risco, crescimento, setores e ajustes contábeis.

Em mãos experientes, ele ajuda a identificar oportunidades e também armadilhas. Em mãos inexperientes, se transforma num dos indicadores mais perigosos que existem. Use sempre com contexto, com comparação setorial e integrado a uma estrutura completa de análise.

Se quiser aprofundar sua evolução como investidor e analista, continue explorando os conteúdos avançados, eles foram criados para formar especialistas capazes de enxergar além dos múltiplos superficiais.

Caio Maillis

Gestor Financeiro, graduando em Ciências Econômicas,
Pós-graduado com MBA em Finanças, Investimentos e Banking.

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