Economia

O que é inflação? Como impacta seu dinheiro e sua vida

A inflação é um fenômeno econômico que afeta diretamente o poder de compra de todas as pessoas, o planejamento financeiro e a economia em geral. Por isso entender o que é a inflação, quais são suas causas, suas consequências e como ela é controlada, é extremamente essencial na hora de tomar decisões financeiras mais inteligentes e, é claro, proteger seu patrimônio.

Neste artigo, vamos nos aprofundar no conceito de inflação, quais suas causas e tipos, quais os índices que a medem, suas consequências na vida das pessoas e empresas, formas de controle inflacionário, além de abordar o histórico da inflação no Brasil e como você pode se proteger dela.

Boa leitura!

O que é inflação

Em termos simples, inflação é o aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços em uma economia ao longo do tempo. Isso significa que com a mesma quantia de dinheiro, você já não consegue comprar tantos produtos e serviços como antes.

Sabe aquela sensação de que no passado com R$ 100,00 você voltaria do mercado com uma sacola cheia de compras e hoje somente com poucos itens? A sensação é real! A inflação reflete a desvalorização do poder de compra.

A inflação é medida por meio de índices que acompanham periodicamente a variação dos preços de uma cesta de produtos e serviços que representa o consumo da população. Ao longo do artigo você terá uma melhor compreensão de como isso funciona na prática.

Quais são os tipos de inflação

Agora que você já entendeu o conceito de inflação, é fundamental conhecer as variáveis que a compõe, que são os tipos de inflação, para compreender melhor suas causas. Os principais tipos são:

Inflação de demanda: Quando o país está em crescimento econômico constante sua população tende a consumir mais, o que aumenta a demanda. Com isso, caso a oferta de produtos e serviços não acompanhe o aumento do consumo, passa a se tornar mais escassa, fazendo com que o preço dos produtos aumentem.

Inflação de custos: Está relacionada a um aumento nos custos de produção. Alguns insumos podem sofrer um aumento de preço, seja por valorização de moeda estrangeira, escassez de produção, entre outros fatores. As empresas para conseguir manter suas atividades são obrigadas a repassar esse aumento para o consumidor, fazendo com que os preços dos produtos e serviços aumentem.

Inflação inercial: Acontece quando os produtores possuem uma expectativa ruim em relação a inflação anterior, e na tentativa de se blindar de prejuízos, aumentam os preços. Isso torna a inflação uma profecia autorrealizável, uma vez que a inflação aumenta justamente por tomarem medidas acreditando que ela aumentará.

Inflação importada: Ocorre quando um aumento de preço de produtos e serviços no exterior impacta os preços no país importador, diminuindo o poder de compra do consumidor. Um bom exemplo é a desvalorização da moeda nacional frente ao dólar.

Inflação galopante (hiperinflação): É caracterizada por aumentos rápidos e descontrolados nos preços, o que resulta em uma desvalorização da moeda, em redução significativa no poder de compra da população, enfraquecimento da economia, e faz com que o país caminhe para uma recessão.

Inflação moderada: É considerado o nível ideal de inflação, pois trata-se de um aumento gradual e previsível dos preços e serviços, não impactando o poder de compra do consumidor ao mesmo tempo que evita a deflação.

Como é calculada a inflação

Como você já leu acima, a inflação é calculada por meio de índices que medem a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços que representa o consumo da população, mas o que isso quer dizer na prática?

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) calcula mensalmente o principal índice de inflação utilizado no Brasil, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Esse cálculo é baseado na coleta de dados realizada em diferentes regiões do país.

Além do IPCA, também são utilizados no Brasil, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) e o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Vamos agora entender um pouco mais sobre cada um deles.

Índices de inflação

Os principais índices de inflação no Brasil incluem:

IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo): É o índice oficial da inflação no país, que mede o custo de vida das famílias com renda mensal de 1 a 40 salários-mínimos.

Funciona assim, é definida uma cesta com os principais itens de consumo das famílias por meio da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que também verifica quanto é gasto em média com cada produto dentro de algumas categorias.

Para ficar mais claro, abaixo está a tabela com as categorias e os pesos que cada uma tem na cesta dos brasileiros:

Esse levantamento mensal contempla aproximadamente 430 mil preços em 30 mil locais diferentes, abrangendo 16 cidades, cada uma com um peso diferente também, uma vez que em locais onde a renda é maior, o consumo também é maior.

As cidades com seus respectivos pesos são:

Os índices são enviados ao BCB (O Banco Central do Brasil é responsável por definir as metas para a inflação ) duas vezes por mês por meio do IPCA-15 (um índice parcial), que abrange do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência.

IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado): Esse índice é calculado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) e composto por três índices importantes:

Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA): O índice tem peso de 60% no índice total e trata-se da percepção dos produtores sobre as variações de preço.

Índice de Preços ao Consumidor (IPC): O índice tem peso de 30% no índice total e contempla as variações de preços que impactam o consumidor final.

Índice Nacional de Custo da Construção (INCC): O índice tem peso de 10% no índice total e é responsável por fazer o monitoramento dos custos gerais da construção civil, o que inclui a mão de obra especializada e materiais.

De acordo com a FGV IBRE, é a média ponderada desses três índices que resultam no valor final do índice IGP-M.

O IGP-M é muito utilizado no reajuste de contratos de aluguel, no reajuste de tarifas públicas e como indexador de contratos de prestação de serviço.

INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor): O índice é muito similar ao IPCA, suas grandes diferenças são a abrangência e o objetivo, uma vez que o INPC mede a inflação para famílias de menor renda, com rendimento de 1 a 5 salários-mínimos, e seu objetivo é reajustar os benefícios sociais, e não balizar a inflação.

Quais as consequências da inflação

É inegável que a inflação afeta a vida das pessoas e da economia de diversas formas, mas quais são os reflexos da inflação exatamente?

Perda do poder de compra: Como já mencionado, na medida em que a inflação aumenta o dinheiro passa a valer menos, o que exige mais recursos para adquirir os mesmos produtos.

Redução da poupança: Esse reflexo surge como um efeito à consequência anterior, isso porque como é necessário um recurso maior para comprar o que se comprava antes, menos dinheiro é possível guardar.

Impacto nos investimentos: Os investimentos também sofrem com a alta inflação, dado ao fato de que alguns ativos possuem rentabilidade fixa e podem não superar a inflação, fazendo com que o investidor perca poder de compra, mesmo que em escala menor do que aquele que não investe.

Desigualdade social: Sem sombra de dúvidas a inflação afeta muito mais as famílias de baixa renda, que passam a destinar a maior parte do orçamento para bens essenciais.

Como é feito o controle da inflação

Para fazer o controle da inflação o Governo em conjunto com o Banco Central do Brasil implementam algumas medidas, como:

Política monetária: Reajustam a taxa básica de juros (Selic) de acordo com o momento da economia, no caso de alta inflação, a taxa é elevada, para dificultar o crédito. O objetivo com essa medida é conter o consumo, ou seja, a demanda, e assim estabilizar os preços.

Política fiscal: Um bom controle dos gastos públicos também é uma medida que visa reduzir a pressão inflacionária, uma vez que a dívida pública diminui.

Intervenção no preço em alguns setores: O governo pode intervir no preço dos produtos de empresas estatais, como energia e petróleo, não repassando aumentos dos custos de produção para os consumidores.

Qual a inflação hoje?

A inflação atual irá variar de acordo com os dados já citados aqui no artigo. O ideal é que você sempre consulte o IBGE para além de saber a inflação do período atual, também entenda as mudanças mês a mês.

No entanto, para não te deixar sem uma resposta a essa pergunta, a inflação fechou 2024 em 4,83% superando a meta estabelecida. Já as projeções para o ano que se inicia, pois ainda estamos em janeiro de 2025, é que tenhamos uma inflação de 4,6%.

Você pode consultar esses dados clicando em Inflação – por IBGE, ou Relatório de Inflação – por BCB.

O que é Deflação?

A deflação é uma queda generalizada nos preços de bens e serviços da economia. O que pode parecer algo positivo à primeira vista, não funciona bem assim, uma vez que, assim como a inflação, a deflação pode resultar em diversos efeitos negativos na economia de um país

Vamos entender melhor, imagine que por algum motivo a demanda pelos produtos e serviços diminua drasticamente. Isso faria com que a oferta de produtos se tornasse maior do que a procura por eles. Lei da oferta e da procura, lembra? Quanto mais escasso o bem ou serviço, mais caro, quanto mais fácil de ser encontrado ou solicitado, mais barato.

Logo, o resultado disso seria uma diminuição nos preços, o que é algo positivo, correto? Nem tanto! Uma menor demanda significa menos pessoas comprando das empresas, e assim como em um efeito dominó, algumas coisas acontecem.

Menos pessoas comprando representa menos vendas, o que significa menor necessidade de produção, uma produção reduzida significa não precisar de tantos colaboradores, e esse último fator resultará em desligamentos, logo, mais desempregos.

O cenário perfeito então é o equilíbrio, inflação dentro das metas estabelecidas (e se possível abaixo delas). Dessa forma, o dinheiro até irá se desvalorizar um pouquinho, mas o crescimento econômico compensará a desvalorização, fazendo com que o país fique mais rico, e consequentemente, melhore a qualidade de vida de sua nação.

Como se proteger da inflação com investimentos?

Existem algumas maneiras de se proteger da inflação por meio dos investimentos. É importante lembrar que esse artigo não se trata de uma recomendação de investimentos, ficando sob total responsabilidade do leitor toma suas decisões financeiras. A ideia aqui é ampliar o horizonte de conhecimentos dos leitores, para que por meio do aprendizado, possam aprimorar suas escolhas.

Algumas dessas maneiras são através de investimentos em:

Títulos do Tesouro atrelados à inflação: É importante se atentar aqui que não são todos os títulos de tesouro que irão atender a esse objetivo, cada títulos possui características específicas.

Como você já descobriu acima, o principal índice de medida de inflação no Brasil é o IPCA, logo o título do tesouro destinado a proteger os investidores da inflação é o IPCA+. Isso significa que esse tipo de título oferece rentabilidade acima da inflação.

Por exemplo, digamos a inflação tenha sido de 5% em determinado ano, e você tenha investido em um título IPCA+ 6%. Isso significa que você receberá 11% de retorno do título, porém sua rentabilidade real (acima da inflação) será de 6%, entendeu?

Ações de empresas com poder de precificação: Lembra que mencionamos que as empresas repassam os aumentos com o custo de produção para os consumidores? Pois bem, investir em ações de empresas que são capazes de reajustar preços e que atuam em setores com alta demanda, pode ser uma boa estratégia de proteção contra a inflação.

Commodities: Investir em ouro, petróleo e outras commodities em períodos inflacionários é interessante, pois esses ativos tendem a se valorizarem nesses momentos da economia. No entanto é muito importante ressaltarmos que os preços das commodities são influenciados por outros fatores, ou seja a correlação entre commodities e inflação, não é sempre perfeita.

Conclusão

Em resumo, a inflação é um fenômeno inevitável e parte integrante da economia, porém entender bem as suas causas, consequências, formas de controle e como se proteger por meio de investimentos, auxilia o investidor a tomar decisões financeiras mais inteligentes em direção a liberdade financeira.

Uma vez que ao investir em ativos que acompanham a inflação ou que tendem a se valorizar em períodos de alta inflação, é possível preservar o patrimônio, manter o poder de compra, e como consequência, alcançar objetivos de longo prazo.

Caio Maillis

Eu sei bem como é sentir que está sempre correndo atrás, tentando fazer as coisas darem certo sem ver obter o retorno que merece, pois já tentei de tudo: fui ajudante geral, ajudante de mecânico, cantor de música sertaneja, vendi camisetas, revendi panelas… mas em tudo, falhei. É engraçado como no momento da derrota, nos sentimos como um fracasso, como se não fossemos bons e inteligentes o suficiente, ainda bem que é temporário. Hoje vejo que foi como havia de ser, cada tentativa me trouxe um aprendizado diferente. E me fez perceber algo que muda o jogo de qualquer um, percebi que não era a falta de esforço que me impedia de crescer, e sim a falta de conhecimento. É verdade que o segredo do sucesso mora na habilidade de agir, mas ação por si só, sem o conhecimento necessário (o que algumas pessoas chamam de Know-How), também é insuficiente. Foi aí que decidi mudar de verdade, transformei minha curiosidade por finanças e investimentos em um propósito. Me graduei em Gestão Financeira, fiz vários cursos sobre o tema, ao passo que continuava empreendendo em outra área, comecei a me aprofundar ainda mais no mundo dos investimentos. Foi nesse momento que comecei a cursar Ciências Econômicas, um MBA em Finanças, Investimentos e Banking e a devorar livros e conteúdos técnicos sobre análise de ações e outros ativos de renda variável. Mas a minha jornada não é só sobre mim. Eu não quero apenas ser referência no assunto, eu quero que você também consiga mudar a sua vida, mesmo que não seu objetivo não se especializar na área, como eu fiz e ainda faço. Quero ajudar pessoas que trabalham duro, mas ainda não colhem os frutos desse esforço, a construírem um futuro financeiro sólido, seguro e, acima de tudo, que proporcione a liberdade de escolha, que essa sim, é a mais valiosa de todas as coisas. Em meus canais de comunicação, eu vou te ensinar análise fundamentalista de verdade, sem atalhos, sem promessas vazias. Meu compromisso é mostrar como você pode investir com inteligência, clareza e estratégia, sem depender de ninguém e sem cair em armadilhas que vão fazer você perder dinheiro. Falando nisso, se você quer parar de trabalhar por dinheiro e começar a fazer o dinheiro trabalhar por você, lembre-se que eu estou aqui!

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