Volatilidade: O que é e quais são os seus efeitos no mercado financeiro

A volatilidade é um conceito central no mercado financeiro e crucial para investidores de todos os níveis, entenderem os movimentos dos preços dos ativos. É um importante indicador que mede a intensidade e a frequência das variações de preço de um ativo ou índice de mercado em um determinado período.

Só com essa breve introdução já deu para perceber o quão importante é a volatilidade. Nesse artigo você vai descobrir o que é, como funciona, qual a relação da volatilidade com o risco, quais os tipos de volatilidade existentes, como calcular e interpretar e, por fim, quais as melhores estratégias para investir em um mercado volátil.

Boa leitura!

O que é Volatilidade

A volatilidade representa a amplitude das variações de preço de um ativo financeiro ao longo do tempo. Quando um ativo apresenta grandes oscilações de preço, ele é considerado volátil.

Essas oscilações podem indicar tanto riscos como oportunidades para o investidor, a depender do perfil de investidor e do conhecimento que possui, ou seja, dependendo de como ele gerencia sua exposição e interpreta os movimentos do mercado, a volatilidade o ajudo ou atrapalha.

Vamos deixar ainda mais claro.

Como a Volatilidade funciona

A volatilidade funciona como um termômetro, um indicador de instabilidade, ou estabilidade, nos preços de ativos financeiros. Em períodos de alta volatilidade, os preços tendem a variar bastante em curtos períodos, isso acontece geralmente como reflexo de um mercado instável ou em crise, expectativas de altas dos lucros ou mesmo eventos econômicos importantes.

O oposto também é verdadeiro, em períodos de baixa volatilidade, os preços dos ativos mostram-se mais estáveis, com variações menores, o que muitas vezes traz mais segurança aos investidores, no entanto isso não é uma regra, mesmo ativos com baixa volatilidade possuem risco de mercado.

Falando em risco.

Qual a relação entre Volatilidade e Risco

A volatilidade está diretamente ligada ao conceito de risco no mercado financeiro. Isso porque entende-se que quanto mais volátil é um ativo, maior o risco associado a ele. Ou seja, quanto mais rápido ou mais intenso o preço de determinado ativo “muda”, maior é a incerteza sobre o preço futuro.

No entanto, como diz o ditado, quem não arrisca, não petisca, e assim como em tudo na vida, no mercado financeiro um risco maior também está relacionado a maiores recompensas. Ativos mais voláteis, apesar de representarem mais risco de perda, oferecem a possibilidade de maiores retornos para os investidores que estiverem dispostos a assumirem o risco.

Entender a relação entre volatilidade e risco é algo essencial para definir uma boa estratégia de investimentos. Aqueles com um perfil de risco mais agressivo podem optar por ativos mais voláteis, buscando ganhos expressivos. Já os investidores mais conservadores, que buscam estabilidade, podem buscar os ativos com menor volatilidade.

É preciso então, ficar atento aos diferentes tipos de volatilidade, para entender a fundo como montar essa estratégia.

Tipos de Volatilidade

Existem diferentes tipos de volatilidade que ajudam a entender como os ativos e o mercado podem se comportar. Os dois principais tipos são a volatilidade histórica e a volatilidade implícita:

Volatilidade Histórica: O próprio nome já ajuda a entender do que se trata, ela mede a variação do preço de um ativo com base em dados passados. Ou seja, é calculada a partir dos preços históricos e representa a intensidade das oscilações que ocorreram em um período específico.

Quanto maior a volatilidade histórica, maior foi a intensidade das oscilações nos preços do ativo, o que pode significar que maior continuará sendo suas mudanças de preço no presente e no futuro (O que não é garantido que aconteça).

Volatilidade Implícita: Aqui o reflexo são as expectativas do mercado sobre a volatilidade futura do ativo. Sendo assim, é calculada a partir dos preços das opções de um ativo, que indicam o quanto o mercado espera que o preço desse ativo possa variar no futuro.

Em momentos de incerteza econômica, por exemplo, a volatilidade implícita tende a aumentar, já que os investidores esperam mais oscilações nos preços.

O que é um ativo volátil

Antes de aprender a calcular a volatilidade, é extremamente importante que esteja bem definido para você o que é um ativo volátil. Nada mais é, do que um ativo que apresenta grandes variações de preço em um curto espaço de tempo.

Grandes exemplos são, ações de empresas em setores tecnológicos, essas ações costumam ser muito voláteis, isso porque estão sujeitas a mudanças rápidas no cenário econômico, no desenvolvimento tecnológico e nas regulamentações. Outros exemplos de ativos voláteis incluem criptomoedas, commodities como o petróleo e moedas emergentes.

Como já mencionado, os investidores que desejam se expor a ativos voláteis precisam estar cientes de que essas flutuações intensas exigem uma gestão de risco mais cuidadosa, um acompanhamento mais de perto.

Como calcular a Volatilidade de um ativo

A volatilidade histórica de um ativo pode ser calculada de diversas maneiras, mas uma das mais comuns é por meio do desvio padrão dos retornos do ativo em um período específico. Nome grande, mas não tem segredo para calcular, vou te mostrar:

Primeiro, é preciso coletar os dados históricos dos preços do ativo no período desejado.

Para o nosso exemplo, vamos considerar as variações mensais do índice Ibovespa de janeiro a outubro de 2024.

Agora, temos que calcular a variação média. Para fazer isso basta somarmos as variações percentuais mensais e depois dividimos pelo número de meses (nada mais é do que a média ponderada). O número encontrado é a média da oscilação do ativo no período.

Usando valores do índice, temos o seguinte:

   • Janeiro: – 4.79%

   • Fevereiro: + 0.99%

   • Março: – 0.71%

   • Abril: – 1.70%

   • Maio: – 3.04%

   • Junho: + 1.48%

   • Julho: + 3.02%

   • Agosto: + 6.54%

   • Setembro: – 3,08%

   • Outubro: – 1.60%

Somando todos esses valores e dividindo pelo número de meses, temos: – 2.89%

Portanto, a média das variações mensais foi de – 2.89 ao mês.

O próximo passo é calcular a variância amostral, que representa a dispersão das variações em torno da média. Ela mostra o quanto os retornos mensais se afastam ou se aproximam da média, por isso é um passo fundamental para encontrar o desvio padrão.

Para calcular a variância amostral, fazemos o seguinte:

Subtraímos a variação média de cada mês.

Elevamos o resultado ao quadrado.

   • Janeiro: (- 4.79 – (- 2.89)) ²

   • Fevereiro: (+ 0.99 – (- 2.89)) ²

   • Março: (- 0.71 – (- 2.89)) ²

   • Abril: (- 1.70 – (- 2.89)) ²

    Maio: (- 3.04 – (- 2.89)) ²

   • Junho: (+ 1.48 – (- 2.89)) ²

   • Julho: (+ 3.02 – (- 2.89)) ²

   • Agosto: (+ 6.54 – (- 2.89)) ²

    Setembro: (- 3,08 – (- 2.89)) ²

    Outubro: (- 1.60 – (- 2.89)) ²

Somamos todos esses valores.

3.61 + 15.05 + 4.75 + 1.41 + 0.02 + 19.09 + 34.92 + 88.92 + 0.03 + 1.66 = 169.46

Dividimos o total pelo número de meses menos um.

169.46 / 10 – 1 = 18.82

Descobrimos que nossa variância amostral é de 18.82

O último passo então é calcular o desvio padrão, que efetivamente mede a volatilidade do ativo e depois definir o quanto o ativo pode variar ao mês no período analisado.

O desvio é obtido tirando a raiz quadrada da variância amostral e a possível variação do ativo, somando e subtraindo o valor da média, para obtermos uma faixa de oscilação.

O cálculo do desvio fica:

√18.82 = 4.33

Agora aplicando o desvio padrão à variação média:

4.33 + (-2.89) = – 1.44

4.33 – (-2,89) = 7.22

Em nosso exemplo, o índice mostrou uma volatilidade mensal entre – 1.44% e 7.22%, o que indica uma oscilação moderada.

Esses resultados servem para ajudar os investidores a entenderem o grau de risco, e a tomarem decisões mais informadas ao planejarem suas estratégias de investimento.

Ferramentas para medir a Volatilidade

Além do cálculo manual, existem ferramentas e indicadores que ajudam a medir a volatilidade. O índice VIX, por exemplo, é conhecido como o “índice do medo” e mede a volatilidade implícita das opções do índice S&P 500. Ele é amplamente utilizado para avaliar o nível de incerteza do mercado.

Como investir em um mercado volátil

Investir em um mercado volátil exige uma estratégia que consiga se adaptar às oscilações. Algumas dicas podem ajudar você a lidar com a volatilidade, são elas:

Diversifique sua carteira: A diversificação é sempre uma boa estratégia para reduzir riscos, por isso ao distribuir o capital entre diferentes tipos de ativos, setores e mercados, você também se protege da volatilidade que eles apresentam. Ou seja, se um ativo perder valor, outros podem equilibrar seu portfólio.

Adote uma visão de longo prazo: A volatilidade afeta especialmente o curto prazo. Dessa forma investidores que possuem uma visão de longo prazo tendem a ter melhores resultados em mercados voláteis, pois o tempo ajuda a diluir as oscilações.

Defina seu perfil de risco e tenha um planejamento: Sempre é valido ressaltar que entender o seu perfil de investidor, a sua tolerância ao risco e ter uma boa estratégia de investimentos, é essencial para lidar com a volatilidade.

Investidores mais agressivos podem aproveitar a volatilidade para operações de compra e venda rápidas, enquanto investidores conservadores podem preferir estratégias menos expostas às oscilações.

Evite tomar decisões emocionais: A volatilidade pode gerar estresse e fazer com que investidores tomem decisões precipitadas. Manter a disciplina e seguir uma estratégia são ações fundamentais para evitar prejuízos.

Conclusão

A volatilidade é inevitável e essencial no mercado financeiro. Ao entender como ela funciona, qual a sua relação com o risco e como calcular a volatilidade dos ativos, você consegue se preparar melhor para enfrentar os momentos de oscilação.

No entanto, investir em um ambiente volátil requer uma análise cuidadosa, disciplina e, muitas vezes, uma visão de longo prazo.

Ao diversificar sua carteira, manter um planejamento adequado e evitar decisões emocionais, é possível minimizar o impacto da volatilidade e alcançar bons resultados. Com uma compreensão sólida sobre a volatilidade, todo investidor está mais preparado para gerenciar riscos e obter retornos mais satisfatórios, mesmo em cenários incertos.

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Caio Maillis

Gestor Financeiro, graduando em Ciências Econômicas e Pós-graduando em Finanças, Investimentos e Banking.
Criador de conteúdo, roteirista do Mundo Investidor e empreendedor.

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