Os Juros sobre Capital Próprio (JCP) são uma das formas que as empresas utilizam para remunerar seus sócios e acionistas pelo capital investido, funcionando como uma alternativa aos dividendos.
Além disso, os JCP proporcionam um benefício fiscal para a empresa, já que são considerados despesas dedutíveis do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Mas será que essa modalidade realmente vale a pena para o investidor? Neste artigo, você entenderá o que são os JCP, como funcionam, quais são suas regras, impactos tributários e como eles se comparam aos dividendos tradicionais.
Boa leitura!
Os juros sobre capital próprio (JCP) são uma forma de remuneração pelo capital dos acionistas investido na empresa, ou seja, assim como os dividendos, os JCP são a distribuição de lucros para os sócios, porém, esses são baseados no patrimônio líquido da empresa.
Além disso, o JCP possui algumas características um pouco diferentes das demais remunerações, uma vez que ao mesmo tempo que é tributado para o acionista, oferece benefício fiscal para a empresa, fazendo com que muitas vezes, a companhia distribua valores mais atrativos.
Para entender como funcionam o JCP é muito importante entender a dinâmica já mencionada, pois muitos investidores ao escutarem a frase “incidência de imposto de renda” tendem a acreditar que determinado investimento não fará sentido, antes mesmo de uma análise mais aprofundada.
Apesar de sim, possuir incidência do IR, os Juros sobre Capital Próprio são considerados como uma Despesa Financeira pela contabilidade da empresa, isso significa que é dedutível da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ).
Em suma, isso quer dizer que a empresa pode optar por distribuir valores maiores em JCP do que em dividendos, uma vez que o último, apesar de não ser tributado para o investidor, é proveniente do Lucro Líquido da empresa, já descontado impostos.
Falaremos mais detalhadamente sobre impostos no JCP no decorrer do artigo.
Se para a empresa, a distribuição de Juros sobre o Capital Próprio (JCP) é mais vantajosa do que a distribuição de dividendos, porque essa então não opta por distribuir sempre seus lucros por JCP?
Isso acontece porque existem regras que garantem que essa distribuição não ocorra totalmente por JCP, principalmente garantido os interesses do governo, uma vez que como são dedutíveis dos impostos já mencionados, o governo arrecadaria menos, se ela acontecesse.
As principais regras são:
• Não se pode considerar todo o Patrimônio Líquido para o cálculo, devem ser deduzidas as contas contábeis reservas de reavaliação de bens ainda não realizados, ajustes de avaliação patrimonial e reserva de correção monetária especial.
• Os Juros sobre Capital Próprio (JCP) serão encontrados multiplicando o Patrimônio Líquido pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), porém não podem exceder 50% do lucro do exercício e nem 50% dos lucros acumulados.
Uma vez entendidas as regras para o cálculo, fica fácil calcular o quanto a empresa irá pagar de JCP. Isso porque o valor que será encontrado dependerá diretamente do quanto de capital dos acionistas está investido na empresa.
Dito isso, o primeiro passo é apurar quanto de capital próprio a empresa possui, e esse valor pode ser encontrado por meios das contas capital social, reserva de lucros, reservas de capital e ações em tesouraria.
Depois disso, basta multiplicar o valor do PL pela TJPL, que é calculada e divulgada pelo Banco Central do Brasil mensalmente para chegar no montante total de Juros sobre Capital próprio que pode ser distribuído.
Por exemplo, se o Patrimônio Líquido da empresa for de R$10.000.000,00 e a TJPL for de 8% ao ano. Logo, o valor limite de JCP que pode ser distribuído é de R$ 800.000,00.
Ou seja, caso a empresa tenha que distribuir um valor maior do que esse aos seus acionistas, terá que distribuir o valor excedente na forma de dividendos.
Como você já pode observar aqui no artigo, a principal diferença entre a distribuição por Juros sobre o Capital Próprio e a por meio de dividendos está na tributação.
O que acontece é que os dividendos por serem uma distribuição proveniente do lucro líquido da empresa no exercício, possui incidência de imposto para a empresa, mas não para o acionista.
O JCP por outro lado, como é caracterizado como uma despesa financeira, não possui essa incidência, representando até um benefício fiscal para a empresa, uma vez que ao apurar um lucro líquido menor, a empresa pagará menos tributos.
Na prática, fazendo uso de um ditado popular “fica elas por elas”, uma vez que, por os dividendos serem pagos com base no lucro líquido, já teve a incidência imposto. E como o JCP não possui essa incidência, muitas empresas costumam pagar valores mais atrativos, para compensar o imposto que o acionista pagará.
Como já mencionado os Juros sobre Capital Próprio possuem duas ligações diretas com tributação, porém de óticas diferentes, dessa forma, para entendermos realmente como funciona sua dinâmica de tributação precisamos compreender as duas abordagens.
A primeira delas é a ótica empresarial, uma vez que o pagamento de JCP serve como uma estratégia fiscal para diminuir a carga tributária da empresa. Funciona de maneira simples. Os valores pagos em JCP são contabilizados como despesas financeiras, o que impacta diretamente no lucro líquido da empresa, logo, com um esse último menor, existe uma redução no pagamento de Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL) e no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ).
Por outro lado, temos a ótica do acionista, que diferente dos dividendos que são isentos de IR, os Juros sobre Capital Próprio irão ser tributados, anteriormente em 15%, e a partir da reforma tributária de 2024, agora em 20%, direto na fonte. Ou seja, o investidor já recebe o JCP descontado do imposto.
Existem duas principais vantagens no pagamento de Juros sobre o Capital Próprio, a primeira delas é com certeza a redução da carga tributária da empresa. Sendo uma vantagem não somente para empresa, mas também para o acionista.
Isso porque com uma carga tributária menor a empresa pode utilizar seus recursos para investir em desenvolvimento, tecnologia ou expansão, aumento o valor da empresa, e consequentemente, o valor de suas ações.
A segunda vantagem é que a distribuição de JCP ocorre como um pagamento adicional da empresa, ou seja, o investidor receberá os dividendos e também o JCP. Além disso, geralmente o JCP possui valores maiores que os dividendos, justamente para compensar o IR cobrado do investidor.
A única desvantagem do JCP seria a tributação para o acionista, no entanto, como já foi mencionado, as empresas costumam pagar valores mais atrativos para equilibrar o pagamento do imposto por parte do acionista.
Portanto, conclui-se que a desvantagem real da distribuição por JCP é a limitação dessa distribuição, uma vez que seria muito mais interessante, tanto para empresas, dado o benefício fiscal, quanto para investidor, não perdendo com a tributação e podendo se beneficiar com uma valorização da empresa.
Para ter direito a receber o JCP basta que a pessoa seja acionista ou quotista da empresa na data-com. Em outras palavras, como o JCP é uma forma de remuneração pelo capital dos investidores investido, possuir participação societária na empresa já garante o recebimento.
A data de corte é a data limite definida pela empresa para que o acionista tenha o direito ao recebimento, já a forma como essa data é definida e divulgada, pode variar de empresa para empresa.
É importante ressaltar que Sociedades Anônimas de capital fechado, assim como as Sociedades Limitas (LTDA), também possuem o direito de distribuir Juros sobre o Capital Próprio, desde que estejam enquadradas no regime tributário de lucro real, e não somente as Sociedades Anônimas de capital aberto na bolsa.
O Pagamento de JCP é muito semelhante ao pagamento de dividendos, sendo creditado diretamente na conta da corretora ou banco onde o investidor possui as ações.
Um fato importante é que como o JCP é tributado na fonte, o investidor recebe o valor já descontado o imposto, não sendo preciso pagar nada mais a receita pelo provento.
Não existe uma data específica para o pagamento, uma vez que se trata de um pagamento adicional da empresa ao investidor, podendo ser mensalmente, trimestralmente ou anualmente.
As empresas comunicam os interessados por meio de um documento chamado Fato Relevante, onde haverá a data em que o provento será pago, assim como qual a data de corte e outras informações importantes.
Os Juros sobre Capital Próprio (JCP) desempenham um papel estratégico importante na distribuição de lucros das empresas, permitindo a redução da carga tributária, ao mesmo tempo, que oferece pagamento adicional de rendimento aos acionistas.
Muitas vezes a incidência de imposto para os investidores acaba sendo compensada pelos valores distribuídos como JCP, o que faz com que muitas empresas optem por essa modalidade, já que oferece maior eficiência fiscal.
Por fim, para quem busca rentabilidade na renda variável, compreender as diferenças entre JCP e dividendos é essencial para tomar decisões mais inteligentes e potencializar ainda mais seus retornos no longo prazo.
Leia também: Dividend Yield: O que é e como calcular?
Eu sei bem como é sentir que está sempre correndo atrás, tentando fazer as coisas darem certo sem ver obter o retorno que merece, pois já tentei de tudo: fui ajudante geral, ajudante de mecânico, cantor de música sertaneja, vendi camisetas, revendi panelas… mas em tudo, falhei. É engraçado como no momento da derrota, nos sentimos como um fracasso, como se não fossemos bons e inteligentes o suficiente, ainda bem que é temporário. Hoje vejo que foi como havia de ser, cada tentativa me trouxe um aprendizado diferente. E me fez perceber algo que muda o jogo de qualquer um, percebi que não era a falta de esforço que me impedia de crescer, e sim a falta de conhecimento. É verdade que o segredo do sucesso mora na habilidade de agir, mas ação por si só, sem o conhecimento necessário (o que algumas pessoas chamam de Know-How), também é insuficiente. Foi aí que decidi mudar de verdade, transformei minha curiosidade por finanças e investimentos em um propósito. Me graduei em Gestão Financeira, fiz vários cursos sobre o tema, ao passo que continuava empreendendo em outra área, comecei a me aprofundar ainda mais no mundo dos investimentos. Foi nesse momento que comecei a cursar Ciências Econômicas, um MBA em Finanças, Investimentos e Banking e a devorar livros e conteúdos técnicos sobre análise de ações e outros ativos de renda variável. Mas a minha jornada não é só sobre mim. Eu não quero apenas ser referência no assunto, eu quero que você também consiga mudar a sua vida, mesmo que não seu objetivo não se especializar na área, como eu fiz e ainda faço. Quero ajudar pessoas que trabalham duro, mas ainda não colhem os frutos desse esforço, a construírem um futuro financeiro sólido, seguro e, acima de tudo, que proporcione a liberdade de escolha, que essa sim, é a mais valiosa de todas as coisas. Em meus canais de comunicação, eu vou te ensinar análise fundamentalista de verdade, sem atalhos, sem promessas vazias. Meu compromisso é mostrar como você pode investir com inteligência, clareza e estratégia, sem depender de ninguém e sem cair em armadilhas que vão fazer você perder dinheiro. Falando nisso, se você quer parar de trabalhar por dinheiro e começar a fazer o dinheiro trabalhar por você, lembre-se que eu estou aqui!
Dentro do universo dos Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), os fundos de tijolo vêm ganhando…
A gestão vertical é um conceito fundamental para quem busca compreender as dinâmicas organizacionais e…
Nos últimos anos, o termo “cashback” se tornou cada vez mais presente no vocabulário financeiro…
A liderança situacional desponta cada vez mais como um modelo de gestão eficiente e flexível,…
A concorrência monopolista é um conceito essencial para compreender a dinâmica de diversos mercados na…
A desalavancagem é um termo que, embora pareça técnico à primeira vista, carrega implicações práticas…
This website uses cookies.