Investimentos

Come-cotas: O que é e como funciona?

Quando falamos sobre fundos de investimento, um termo que pode gerar muitas dúvidas, principalmente entre investidores iniciantes, é o come-cotas. Embora o nome pareça curioso, o conceito é essencial para entender a tributação e o impacto nos rendimentos de determinados fundos de investimento.

Por isso, neste artigo eu vou te explicar de forma clara e didática o que é o come-cotas, como ele funciona, quais fundos estão sujeitos a ele, e como você pode avaliar o impacto em seus investimentos.

Boa leitura

O que é come-cotas?

O come-cotas é um mecanismo de tributação antecipada aplicado a alguns tipos de fundos de investimento. Ele consiste em um desconto automático de cotas do fundo para o pagamento de imposto de renda (IR).

Ou seja, ao invés de você pagar o IR apenas no momento do resgate, parte dele é cobrado periodicamente, reduzindo a quantidade total de cotas que você possui no fundo.

Esse jargão do mercado financeiro vem justamente do efeito visual dessa tributação: o número de cotas diminui, o que dá a impressão de que elas foram “comidas” pela receita.

Como funciona o come-cotas?

A cobrança do come-cotas ocorre duas vezes por ano, nos últimos dias úteis de maio e novembro. Nessa data, é feita uma avaliação do rendimento acumulado pelo fundo desde a última cobrança, e então o imposto é recolhido automaticamente.

Em vez de retirar dinheiro da sua conta, o fundo reduz a quantidade de cotas que você possui, proporcionalmente ao valor do imposto devido.

Vamos deixar mais claro com um exemplo:
Imagine que você comprou 1.000 cotas de um fundo a 5,00 cada, totalizando R$ 5.000,00 de investimento. Porém essas cotas se valorizaram, cada uma passou a valer R$ 7,00, o que trouxe um rendimento total de R$ 2.000,00

Agora imagine que o imposto calculado seja o equivalente a 20% do seu ganho, ou seja, R$ 400,00. Isso significa que você será tributado em 57 cotas, ficando com 943 cotas.

943 cotas no valor de R$ 7,00 cada nos dá o total de R$ 6.601,00, ou seja, o seu capital investido aumentou, mesmo diminuindo o número de cotas. É assim que funciona essa tributação.

Porém, para saber em quanto você será tributado temos que olhar para alguns fatores, que eu vou te explicar agora!

Alíquota do come-cotas

O primeiro fator a se observar é a alíquota que será aplicada no come-cotas, que dependerá do prazo médio das aplicações. Ficando assim:

Fundos de curto prazo:

Os fundos de curto prazo são aquele que possuem menos de 375 dias, ou seja, a aplicação tem vencimento igual ao menor que 1 ano. Para esses fundos a alíquota do come-cotas é de 20% sobre os rendimentos.

Fundos de longo prazo:

Seguindo a mesma lógica, os fundos de longo prazo são aqueles que tem vencimento maior que 1 ano, e para esses a alíquota é de 15% sobre os rendimentos.

É importante se atentar que o imposto de renda também é cobrado no momento do resgate, seguindo as regras da tabela regressiva, e não sofrem cobrança duplicada.

Vamos usar um exemplo para ficar mais claro:

Levando em consideração a tabela regressiva, imagine que você foi tributado em 20% no come-cotas, mas fez o resgate do seu dinheiro antes de completar os 180 dias. Isso quer dizer que você está devendo para a receita 2,5%, e essa será a tributação complementar, pois você já pagou 20% em cotas.

Agora é preciso saber então quais fundos cobram come-cotas.

Quais fundos cobram come-cotas?

Nem todos os fundos de investimento estão sujeitos ao come-cotas. Os principais tipos de fundos que tem a incidência de come-cotas são:

• Fundos de renda fixa

• Fundos DI

• Fundos de Ouro

• Fundos multimercados

• Fundos cambiais

Já os fundos de ações, ETFs e fundos imobiliários (FIIs), por exemplo, possuem regras de tributação específicas, e por isso não possuem come-cotas. Isso porque nesses casos, o imposto de renda é cobrado apenas no momento do resgate (no caso de fundos de ações) ou via DARF (no caso de FIIs).

Como é cobrado o come-cotas?

Como já mencionado o come-cotas é cobrado sempre no último dia útil de maio e novembro, e essa cobrança ocorre automaticamente, ou seja, diferente de ter que emitir e pagar uma DARF, o investidor não precisa fazer nada. É o administrador do fundo quem é o responsável por esse processo.

Como saber quais fundos têm come-cotas?

Para identificar se um fundo de investimento está sujeito ao come-cotas, é altamente recomendável verificar o regulamento ou a lâmina do fundo (que é basicamente um resumo com as informações mais importantes sobre o fundo).

Esses materiais são disponibilizados pelo gestor ou pela corretora, e as informações sobre a tributação devem estar descritas na seção de custos e impostos.

Além disso, é possível consultar diretamente o tipo de fundo (renda fixa, multimercado ou cambial), já que esses são os mais comuns a sofrerem essa tributação.

Qual o impacto do come-cotas?

O impacto do come-cotas nos investimentos está mais relacionado ao longo prazo, uma vez que uma redução no número de cotas, diminui o potencial de ganho com os juros compostos.

Isso porque, ao descontar cotas periodicamente, além da própria valorização da cota, o valor que poderia ser reinvestido é reduzido, o que impacta diretamente no crescimento do patrimônio no longo prazo.

Quais os outros custos de investir em um fundo de investimento?

Além do come-cotas, os fundos de investimento também podem ter outros custos que influenciam na rentabilidade:

• IOF: O Imposto sobre Operações Financeiras é um imposto cobrado em diversas operações financeiras, incluindo nos investimentos, e assim como o IR, possui alíquotas que diminuem com o tempo de aplicação, ou seja, quanto mais tempo seu dinheiro ficar investido, menor será o imposto a ser pago.

No entanto, existe uma particularidade, se você mantiver seu investimento por pelo menos 30 dias, estará isento do pagamento do IOF. Isso significa que, ao completar esse prazo, todo o lucro obtido estará livre desse imposto.

• Taxa de administração: É uma forma de remunerar o gestor do fundo pelos serviços de administração e gestão. Essa taxa pode variar bastante, sendo mais alta em fundos ativos (que tentam “bater o mercado”) e mais baixa em fundos passivos (que buscam replicar índices ou ativos do mercado).

• Taxa de performance: Cobrada sobre a rentabilidade que exceder um determinado índice de referência (benchmark). Por exemplo, se o índice crescer 5% e o fundo 10%, existe uma remuneração como “prêmio” pelos 5% superior ao mercado.

Conclusão

O come-cotas é um mecanismo tributário que incide sobre os rendimentos de diversos fundos de investimento. Nada mais é do que um adiantamento do Imposto de Renda, só que cobrado periodicamente. Essa cobrança direta sobre os lucros do fundo impacta diretamente o número de cotas que o investidor possui, afetando assim sua rentabilidade ao longo do tempo.

Dessa forma, compreender o funcionamento do come-cotas é fundamental para qualquer investidor que deseja otimizar seus retornos. Ao investir em fundos, é crucial avaliar não apenas a rentabilidade histórica, mas também os custos envolvidos, como o próprio come-cotas, as taxas de administração e performance. Essa análise completa permitirá que você tome decisões mais assertivas e alinhadas ao seu perfil de investidor e objetivos financeiros.

Caio Maillis

Eu sei bem como é sentir que está sempre correndo atrás, tentando fazer as coisas darem certo sem ver obter o retorno que merece, pois já tentei de tudo: fui ajudante geral, ajudante de mecânico, cantor de música sertaneja, vendi camisetas, revendi panelas… mas em tudo, falhei. É engraçado como no momento da derrota, nos sentimos como um fracasso, como se não fossemos bons e inteligentes o suficiente, ainda bem que é temporário. Hoje vejo que foi como havia de ser, cada tentativa me trouxe um aprendizado diferente. E me fez perceber algo que muda o jogo de qualquer um, percebi que não era a falta de esforço que me impedia de crescer, e sim a falta de conhecimento. É verdade que o segredo do sucesso mora na habilidade de agir, mas ação por si só, sem o conhecimento necessário (o que algumas pessoas chamam de Know-How), também é insuficiente. Foi aí que decidi mudar de verdade, transformei minha curiosidade por finanças e investimentos em um propósito. Me graduei em Gestão Financeira, fiz vários cursos sobre o tema, ao passo que continuava empreendendo em outra área, comecei a me aprofundar ainda mais no mundo dos investimentos. Foi nesse momento que comecei a cursar Ciências Econômicas, um MBA em Finanças, Investimentos e Banking e a devorar livros e conteúdos técnicos sobre análise de ações e outros ativos de renda variável. Mas a minha jornada não é só sobre mim. Eu não quero apenas ser referência no assunto, eu quero que você também consiga mudar a sua vida, mesmo que não seu objetivo não se especializar na área, como eu fiz e ainda faço. Quero ajudar pessoas que trabalham duro, mas ainda não colhem os frutos desse esforço, a construírem um futuro financeiro sólido, seguro e, acima de tudo, que proporcione a liberdade de escolha, que essa sim, é a mais valiosa de todas as coisas. Em meus canais de comunicação, eu vou te ensinar análise fundamentalista de verdade, sem atalhos, sem promessas vazias. Meu compromisso é mostrar como você pode investir com inteligência, clareza e estratégia, sem depender de ninguém e sem cair em armadilhas que vão fazer você perder dinheiro. Falando nisso, se você quer parar de trabalhar por dinheiro e começar a fazer o dinheiro trabalhar por você, lembre-se que eu estou aqui!

Recent Posts

Fundos de Tijolo: O que são, como funcionam e por que investidores estão de olho neles

Dentro do universo dos Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), os fundos de tijolo vêm ganhando…

18 horas ago

Gestão Vertical: Entenda como aplicar para otimizar o desempenho organizacional

A gestão vertical é um conceito fundamental para quem busca compreender as dinâmicas organizacionais e…

20 horas ago

Cashback: O Que é, como funciona e como utilizá-lo para maximizar suas finanças

Nos últimos anos, o termo “cashback” se tornou cada vez mais presente no vocabulário financeiro…

22 horas ago

Liderança Situacional como modelo de gestão: Guia completo para aplicar na prática

A liderança situacional desponta cada vez mais como um modelo de gestão eficiente e flexível,…

1 dia ago

Concorrência Monopolista: O que é, como funciona, quais as características e impactos no mercado

A concorrência monopolista é um conceito essencial para compreender a dinâmica de diversos mercados na…

2 dias ago

Desalavancagem: O que é, como funciona e por que importa no mercado financeiro

A desalavancagem é um termo que, embora pareça técnico à primeira vista, carrega implicações práticas…

2 dias ago

This website uses cookies.