Investimentos

Coeficiente Beta: O que é e como calcular esse indicador de risco

Quando falamos em análise de ativos financeiros, uma das coisas mais importantes a serem observadas é o risco que cada investimento apresenta, afinal, risco e retorno andam lado a lado. Nesse aspecto, o coeficiente Beta é uma excelente ferramenta para ajudar os investidores.

Nesse artigo você vai aprender tudo sobre esse indicador, o que ele é, como funciona, qual a sua importância no mercado, como calculá-lo, exemplo, e tudo mais o que você precisa saber para começar a utilizá-lo em suas análises.

Boa leitura!

O que é Coeficiente Beta

O coeficiente Beta, também conhecido como Índice Beta, é um importante indicador que indica a sensibilidade de um ativo em uma carteira de investimentos em relação ao mercado como um todo.

Em outras palavras, por meio do coeficiente beta, o investidor é capaz de medir a volatilidade que determinado ativo apresenta em relação a um índice de referência, como o Ibovespa, no mercado de ações brasileiro.

Qual a importância do Coeficiente Beta

Entender o quanto cada ativo pode oscilar em relação ao mercado é essencial para a tomada de decisão de investimento, tanto para compreender se os ativos que compõem a carteira do investidor estão compatíveis com seu perfil de investidor e estratégia, quanto para avaliar o nível de exposição ao risco.

Por exemplo, um investidor conservador possui menor tolerância as oscilações do mercado, por isso busca ativos que oferecem maior segurança. Por outro lado, um investidor de perfil arrojado, está disposto a se expor mais ao risco, em busca de retornos maiores.

Agora imagine, o que aconteceria se um investidor de perfil conservador, sem analisar a sensibilidade, investisse em ativos que possuem alta volatilidade? Com certeza na primeira grande oscilação, esse investidor iria ficar apavorado e vender seus ativos, ficando no prejuízo.

Por isso o coeficiente Beta é tão importante, pois por meio dele é possível identificar quais são os ativos agressivos e defensivos, o que auxilia a escolher os ativos de acordo com a estratégia.

Além disso também é possível avaliar qual o comportamento dos ativos em comparação ao mercado, o que possibilita uma análise mais aprofundada do risco da carteira do investidor.

Como calcular o Coeficiente Beta

Existem duas formas de calcular o coeficiente Beta, sendo uma mais simples e a outra um pouco mais complexa. A seguir trataremos da primeira opção, abordando a maneira mais simples de realizar o cálculo.

O coeficiente Beta é calculado pela seguinte fórmula:

Cada letra da fórmula possui um significado, onde:

ß = Coeficiente Beta

Cov = Covariância

Ra = Retorno do ativo (Também pode ser representado por Rp, significando retorno do portfólio)

Rm = Retorno do mercado

Var = Variância

Uma vez que o investidor possui os valores para substituir na fórmula fica muito simples de encontrar o coeficiente beta para cada ativo.

É possível ainda calculá-lo por meio da planilha eletrônica, para isso você deve encontrar também a covariância e a variância. Para encontrá-las é necessário utilizar as seguintes fórmulas:

Covariância = COVARIAÇÃO.S (intervalo_ativo; intervalo_mercado)

Variância = VAR.A (intervalo_mercado)

Uma vez que a planilha retornar os valores, basta realizar a divisão que o resultado será o coeficiente Beta. Mais a seguir iremos analisar um ativo de exemplo, para ser de melhor compreensão o cálculo.

Como analisar o Coeficiente Beta

Para analisar o coeficiente beta é preciso compreender que apenas 4 cenários são possíveis, sendo ß < 0; ß < 1; ß = 1; ß > 1. Cada um desses resultados representa algo diferente na análise de um ativo ou carteira, e é o que vamos entender agora.

Como você já aprendeu, o coeficiente beta calcula a volatidade de um ativo comparado a um índice de referência, isso quer dizer que se o resultado do beta for igual a 1, ele possui a mesma variação da carteira de mercado.

Quando se fala em ações, a principal carteira de mercado é o índice Ibovespa. Isso quer dizer que quando uma ação apresenta ß = 1, ela possui a mesma variação que o Ibovespa.

Em outras palavras, se a bolsa subir 10%, a ação subirá 10%, ou muito próximo disso, já se a bolsa cair 8% a ação tende a acompanhar a queda de forma equivalente.

Já quando o ß > 1 podemos considerar o ativo um ativo agressivo, pois ele será ainda mais volátil do que a carteira de mercado. Para ficar mais claro, imagine que o beta de uma ação hipotética é de 1,4, isso que dizer que ela tende a oscilar 1,4 vezes a mais do que o índice, ou seja, se o Ibovespa subir 10%, a nossa ação hipotética tende a subir 14%, já se ele cair 5%, a ação cairá 7%.

Um outro cenário é quando ß < 1, quando isso acontece temos que a ação irá oscilar parte do índice, entendendo que ela é uma ação defensiva. Por exemplo, uma ação com beta de 0,7 irá oscilar 70% do índice. Ou seja, se o Ibovespa subir 10% a ação subirá 7%, e vice-versa.

Por fim, quando ß < 0 significa que o ativo se mova em direção oposta ao mercado, ou seja, possui uma correlação negativa. Quando o mercado está em queda, a projeção é que o ativo se valorize, já quando o mercado está em alta, que se desvalorize.

Segue abaixo uma tabela para você consultar quando precisar:

Agora que você já aprender também como analisar o coeficiente Beta dos ativos ou carteiras, vamos aos exemplos para fixar esse conhecimento.

Exemplo

Para o nosso exemplo foram utilizados os dados de mercado de janeiro de 2024 a dezembro de 2024, do índice Ibovespa e de três ações, a BBAS3 (Banco do Brasil), WEGE3 (WEG S.A) e PETZ3 (Petz).
A tabela abaixo foi construída como explicado aqui no artigo:

Observe que as ações apresentam comportamentos distintos quando comparadas ao índice de referência, o Ibovespa. Enquanto BBAS3 pode ser considerada uma ação mais defensiva, ficando abaixo da carteira de mercado, PETZ3 se mostra uma ação bastante agressiva, oscilando 3,87 vezes mais do que o Ibovespa.

Tanto o artigo, quanto a tabela aqui divulgada e a análise do coeficiente beta, apesar de serem elaboradas com dados reais, são de caráter educativo e informativo, não sendo recomendações de investimento.

Conclusão

Eu tenho certeza de que com as informações desse artigo, você está muito mais preparado para entender qual o nível de exposição ao risco que as ações da sua carteira possuem.

Aliás, antes de finalizarmos aqui vão mais algumas informações importantes. O coeficiente beta é utilizado para medir o risco sistemático da carteira, aquele o qual o investidor não tem controle. Isso porque já considera que o risco não sistemático já foi mitigado por meio de uma estratégia de diversificação de ativos.

Além disso, o coeficiente beta é um dos indicadores que devem ser utilizados em uma boa análise fundamentalista, mas não é o único, ele deve ser utilizado em conjunto com outros indicadores, que deixarão a análise mais completa e assertiva.

Agora sim, espero que esse artigo tenha agregado valor ao seu conhecimento de mercado, e conte comigo para trazer cada vez mais conhecimento nessa sua jornada. Juntos faremos um mundo investidor!

Caio Maillis

Eu sei bem como é sentir que está sempre correndo atrás, tentando fazer as coisas darem certo sem ver obter o retorno que merece, pois já tentei de tudo: fui ajudante geral, ajudante de mecânico, cantor de música sertaneja, vendi camisetas, revendi panelas… mas em tudo, falhei. É engraçado como no momento da derrota, nos sentimos como um fracasso, como se não fossemos bons e inteligentes o suficiente, ainda bem que é temporário. Hoje vejo que foi como havia de ser, cada tentativa me trouxe um aprendizado diferente. E me fez perceber algo que muda o jogo de qualquer um, percebi que não era a falta de esforço que me impedia de crescer, e sim a falta de conhecimento. É verdade que o segredo do sucesso mora na habilidade de agir, mas ação por si só, sem o conhecimento necessário (o que algumas pessoas chamam de Know-How), também é insuficiente. Foi aí que decidi mudar de verdade, transformei minha curiosidade por finanças e investimentos em um propósito. Me graduei em Gestão Financeira, fiz vários cursos sobre o tema, ao passo que continuava empreendendo em outra área, comecei a me aprofundar ainda mais no mundo dos investimentos. Foi nesse momento que comecei a cursar Ciências Econômicas, um MBA em Finanças, Investimentos e Banking e a devorar livros e conteúdos técnicos sobre análise de ações e outros ativos de renda variável. Mas a minha jornada não é só sobre mim. Eu não quero apenas ser referência no assunto, eu quero que você também consiga mudar a sua vida, mesmo que não seu objetivo não se especializar na área, como eu fiz e ainda faço. Quero ajudar pessoas que trabalham duro, mas ainda não colhem os frutos desse esforço, a construírem um futuro financeiro sólido, seguro e, acima de tudo, que proporcione a liberdade de escolha, que essa sim, é a mais valiosa de todas as coisas. Em meus canais de comunicação, eu vou te ensinar análise fundamentalista de verdade, sem atalhos, sem promessas vazias. Meu compromisso é mostrar como você pode investir com inteligência, clareza e estratégia, sem depender de ninguém e sem cair em armadilhas que vão fazer você perder dinheiro. Falando nisso, se você quer parar de trabalhar por dinheiro e começar a fazer o dinheiro trabalhar por você, lembre-se que eu estou aqui!

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