Brasil está a um passo de obter grau de investimento

O Brasil está prestes a conquistar um dos principais selos de confiança no cenário financeiro global: o grau de investimento. Este status é concedido por agências de classificação de risco, como a Moody’s, Fitch Ratings e S&P Global, e funciona como um sinal de que o país tem uma economia estável e é um bom pagador de sua dívida pública.

Desde 2015, o Brasil está fora desse seleto grupo de países, mas as recentes melhoras e previsões de retomada do crescimento no cenário econômico, reacenderam a expectativa de que o grau de investimento poderá ser recuperado até 2026.

Neste artigo, abordaremos os fatores que têm contribuído para essa evolução, os desafios que ainda precisam ser superados e as implicações que o grau de investimento pode trazer para a economia brasileira.

Boa leitura!

O que é grau de investimento?

O grau de investimento é uma classificação concedida por agências de rating que avaliam a capacidade de um país ou empresa de honrar suas dívidas. Quando um país possui essa classificação, é visto como um destino seguro para investimentos. Isso significa que suas finanças são consideradas sólidas, e o risco de calote é baixo.

Com a recente melhora na nota brasileira, o Brasil está um nível abaixo dessa classificação, de acordo com a agência Moody’s. E apesar de ainda estar no grau especulativo, essa mudança positiva sinaliza que o país está no caminho certo para retomar a confiança de investidores internacionais.

Rating da Moody's

A Moody’s é uma das principais agências de classificação de risco do mundo e desempenha um papel crucial no mercado financeiro ao avaliar a capacidade de pagamento de dívidas de diversos emissores.

Para classificar o risco de crédito, a agência utiliza uma escala de letras, que funcionam dessa forma:

Rating Moody's

Grau de Investimento

• Aaa – “gilt edged”. O mais alto grau

• Aa1, Aa2, Aa3 – grau alto

• A1, A2, A3 – grau médio-alto

• Baa1, Baa2, Baa3 – grau médio

* Empresas ou governos com classificações entre Aaa e Baa3 são considerados de baixo risco de inadimplência, ou seja, há grande probabilidade de honrar suas dívidas.

Grau Especulativo:

• Ba1, Ba2, Ba3 – elementos especulativos

• B1, B2, B3 – carece de características de um investimento desejável.

• Caa1, Caa2, Caa3 – papéis de fraca condição.

• Ca – altamente especulativo

• C – o mais baixo rating, perspectivas extremamente fracas de atingir qualquer condição real de investimento.

* Classificações entre Ba1 e C indicam maior risco de inadimplência. Esses emissores são considerados mais arriscados, por isso geralmente oferecem retornos mais altos, como forma de compensação pelo risco assumido pelo investidor.

Fatores que influenciam a classificação

Os fatores que a agência leva em consideração para classificar um emissor, são:

• Capacidade de gerar caixa: Ou seja, a empresa ou governo consegue gerar dinheiro suficiente para pagar suas dívidas?

• Estrutura financeira: Quão equilibrada a dívida está em relação ao patrimônio líquido?

• Liquidez: Existem recursos suficientes para honrar as dívidas de curto prazo?

• Qualidade da gestão: A administração é eficiente e transparente?

• Condições econômicas: O ambiente econômico e regulatório favorece o emissor?

Por que a classificação da Moody's é importante?

A classificação de crédito influencia diversos aspectos do mercado, como:

• O custo de captação: As empresas com boa classificação conseguem empréstimos a taxas de juros mais baixas, em outras palavras, crédito barato.

• As decisões de investimento: Muitos investidores utilizam as classificações para escolher onde aplicar seu dinheiro.

• A confiança no mercado: Uma boa classificação aumenta a confiança dos investidores na economia do país.

Brasil no rating da Moody's

No dia 1º de outubro, a Moody’s anunciou a elevação do rating do Brasil, de Ba2 para Ba1, mantendo uma perspectiva positiva. Isso significa que há uma expectativa concreta de que o Brasil continue melhorando suas finanças públicas e possa, eventualmente, recuperar o grau de investimento.

Essa é a primeira vez, desde 2015, que o país fica tão próximo de reconquistar esse selo de qualidade financeira.

A agência destacou alguns pontos cruciais, levados em consideração para o aumento da nota brasileira. O recente crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), reformas fiscais e econômicas, como a reforma tributária, e o plano de transição energética, cujo a expectativa é que atraia investimentos e reduza a vulnerabilidade a choques climáticos no país, foram alguns desses pontos apresentados.

Além disso, a agência salientou que, mesmo com uma dívida pública relativamente alta, em torno de 82% do PIB, o Brasil possui características que o tornam mais resiliente, como um grande mercado interno e ativos líquidos que correspondem a 15% do PIB. Isso contribui para uma percepção mais favorável do país entre os investidores internacionais.

Perspectiva do governo brasileiro

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou otimismo em relação à possibilidade de o Brasil recuperar o grau de investimento até o fim do mandato do atual presidente, em 2026.

Em declaração após a elevação da nota pela Moody’s, Haddad afirmou “se continuarmos perseverando nesse caminho, de ajuste fiscal e monetário, nós temos uma grande chance de conseguir uma estabilidade da relação dívida/PIB, dos gastos públicos depois de muitos anos de desequilíbrio fiscal”.

Para que isso aconteça, o ministro destacou a importância de continuar com o controle das despesas públicas e a melhoria das receitas. O governo tem trabalhado para aumentar a arrecadação e controlar os gastos, buscando um equilíbrio fiscal que permita, a longo prazo, a redução das taxas de juros e, consequentemente, o custo da dívida pública.

O papel das reformas econômicas

A recuperação do grau de investimento não é fruto apenas de um esforço isolado, mas sim de uma série de reformas e ajustes que vêm sendo implementados nos últimos anos. A reforma tributária, por exemplo, é uma das medidas mais comentadas, já que promete simplificar o sistema de impostos no país, facilitando o ambiente de negócios e estimulando o crescimento econômico.

Essas reformas visam aumentar a competitividade da economia brasileira no cenário global, tornando o país mais atrativo para investidores estrangeiros. Com a melhoria do ambiente de negócios e o controle fiscal, o Brasil pode criar uma base sólida para um crescimento sustentável a longo prazo.

Impactos da transição energética

Outro fator destacado pela Moody’s é o plano de transição energética do Brasil. A agência mencionou que esse projeto tem o potencial de atrair investimentos privados e reduzir a vulnerabilidade do país a choques climáticos.

Em um cenário global onde a sustentabilidade está no centro das atenções, o Brasil tem a oportunidade de se posicionar como um dos líderes na transição para uma economia mais verde, aumentando a sua competitividade e reduzindo riscos econômicos e ambientais.

Com um grande potencial de geração de energia renovável, como eólica e solar, o país pode diversificar sua matriz energética e reduzir a dependência de fontes de energia mais poluentes. Essa transição também abre espaço para novos investimentos em infraestrutura e tecnologia, ampliando as oportunidades de negócios no país.

Desafios que ainda precisam ser superados

Apesar das perspectivas positivas, ainda existem desafios significativos a serem enfrentados para que o Brasil retome o grau de investimento. Um dos principais obstáculos é a alta carga de dívida pública, que, embora esteja se estabilizando, permanece em um nível elevado.

Além disso, a credibilidade do arcabouço fiscal é moderada, segundo a Moody’s. Isso significa que o governo ainda precisa demonstrar um compromisso consistente com as políticas fiscais para que a confiança do mercado seja plenamente restaurada.

Outro ponto de atenção é a questão das despesas públicas. O governo reconhece que ainda há trabalho a ser feito nessa área, especialmente em relação à contenção de gastos e ao aumento da eficiência nos serviços públicos. Sem um controle rigoroso das despesas, o equilíbrio fiscal pode ser comprometido, dificultando a recuperação do grau de investimento.

O que a recuperação do grau de Investimento significa para o Brasil?

A recuperação do grau de investimento traria inúmeros benefícios para a economia brasileira. O principal impacto seria a atração de novos investimentos, tanto de investidores institucionais quanto de grandes empresas internacionais. Com o selo de bom pagador, o Brasil passaria a ser visto como um destino mais seguro para o capital estrangeiro, o que poderia estimular a entrada de recursos no país.

Além disso, o grau de investimento reduziria o custo de financiamento para o governo e empresas brasileiras. Com uma menor percepção de risco, o país conseguiria emitir dívida a juros mais baixos, o que aliviaria as contas públicas e criaria um ambiente mais favorável ao crescimento econômico.

Outro efeito positivo seria a melhora nas condições de crédito para empresas e consumidores, impulsionando o consumo e os investimentos internos. A redução das taxas de juros também tornaria o crédito mais acessível, incentivando a expansão dos negócios e a geração de empregos.

Nota brasileira em outras agências

A Moody’s anunciou sua decisão uma semana após a reunião do ministro Fernando Haddad e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com as principais agências de classificação de risco em Nova York. Os dois se encontraram com representantes da Moody’s, da Fitch Ratings e da S&P Global.

No entanto nas duas últimas agências, o Brasil segue dois níveis abaixo do grau de investimento.

Com Agência Brasil e Moody’s

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Caio Maillis

Gestor Financeiro, graduando em Ciências Econômicas e Pós-graduando em Finanças, Investimentos e Banking.
Criador de conteúdo, roteirista do Mundo Investidor e empreendedor.

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