Amortização: O que é, como funciona e quais os tipos

A amortização é um conceito essencial para quem precisa lidar com financiamentos, empréstimos ou qualquer outro tipo de dívida de longo prazo. Apesar de muitas pessoas já terem ouvido esse termo, poucas entendem verdadeiramente como funciona, quais são os diferentes tipos de sistemas e como eles impactam o orçamento no curto e no longo prazo.

É por esse motivo que estou escrevendo esse artigo, para te explicar em detalhes o que é amortização, como ela funciona, quais os principais tipos de amortização, se vale a pena ou não amortizar suas dívidas e se é melhor escolher reduzir o prazo ou o valor das parcelas.

Tudo isso para garantir que ao final desse artigo, você tenha uma visão clara e detalhada sobre o assunto, para assim tomar as melhores decisões financeiras.

Boa leitura!

O que é amortização?

A amortização é o nome que se dá ao processo de pagamento de uma dívida em parcelas periódicas, nas quais uma parte do valor é destinada à quitação do saldo principal e outra à cobertura dos juros.

Vamos simplificar isso, nada mais é do que o método pelo qual você devolve o dinheiro que pegou emprestado de forma gradual, reduzindo o saldo devedor até sua quitação total.

Para você entender melhor esse conceito, precisa entender como é constituída a parcela de um financiamento ou empréstimo.

Amortização e juros: como se relacionam?

Ao contratar um financiamento, você paga o valor principal e os juros, que são a remuneração cobrada pela instituição financeira que te emprestou o dinheiro. Vamos usar um exemplo para ficar mais claro:

Imagine que alguém pegue R$ 100.000,00 emprestado a uma taxa de juros de 10% ao ano, para pagar em 240 meses.

Logo, o valor principal a ser pago é o de R$ 100.000,00. Esse valor será dividido pelo número de meses do contrato.

100.000 / 240 = 416,66

Esse valor encontrado é referente a amortização do valor principal. Porém não compõe a parcela sozinho, pois vem acompanhado dos juros.

Os juros são calculados em cima do valor principal:

100.000 * (0,10/12)

100.000 * 0,0083 = 830,00

Nesse caso a parcela desse financiamento ou empréstimo será de 416,66 + 830,00, ou seja, 1246,66.

Para saber qual será o valor total pago ao final do contrato, basta multiplicar o valor mensal pelo número de meses.

1246,66 * 240 = 299.198,40

O valor pago ao final do contrato será de R$ 299.198,40.

Entendemos então que:

• Amortização: é o valor que efetivamente reduz a sua dívida.

• Juros: são calculados com base no saldo devedor e compõem o custo do empréstimo ou financiamento.

Agora é fácil perceber então que quanto maior a amortização em uma parcela, mais rapidamente o saldo devedor é reduzido, o que por sua vez diminui os juros totais pagos ao longo do contrato.

É preciso entender então como é o funcionamento de todo esse processo.

Como funciona a amortização?

A amortização é planejada no momento da contratação de um financiamento ou empréstimo, e suas características vão variar de acordo com o tipo de contrato e o sistema de amortização escolhido (falaremos mais sobre isso nos tipos de amortização). De maneira geral, o processo funciona assim:

• Cálculo do saldo devedor inicial: O valor principal da dívida (sem considerar os juros) é definido.

• Definição do prazo e do sistema (tipo de amortização): O prazo para quitação e o sistema de amortização determinam como as parcelas serão distribuídas ao longo do tempo.

• Pagamentos mensais: As parcelas incluem uma fração de amortização e juros. No início do contrato, os juros geralmente representam uma parcela maior do valor total.

A escolha do sistema de amortização é um dos fatores mais importantes, pois impacta diretamente o valor das parcelas e o custo total do financiamento ou empréstimo.

Quais os tipos de amortização?

Existem diversos sistemas de amortização, mas os dois mais comuns aqui no Brasil são o Sistema Price e o Sistema de Amortização Constante (SAC).

Vamos detalhar como cada um funciona e quais são suas vantagens e desvantagens.

Sistema Price

O Sistema Price é caracterizado por oferecer parcelas fixas durante todo o período do financiamento. Essa característica torna-o um dos sistemas mais populares, especialmente em financiamentos de veículos e outros bens de consumo.

Funciona assim:

O cálculo das parcelas é feito de forma que o valor total permaneça constante.

  No início do contrato, a maior parte da parcela é composta por juros, enquanto a amortização é pequena.

Conforme o saldo devedor diminui, os juros pagos reduzem, e a amortização aumenta.

Vamos deixar mais claro com um exemplo:

Imagine um financiamento de R$ 200.000 a 10% ao ano, para ser pago em 360 meses. Devemos levar em consideração que nesse sistema, as primeiras parcelas terão um componente maior de juros e uma menor redução no saldo devedor.

Precisamos definir também um valor fixo de parcela, para esse exemplo vamos utilizar R$ 2.200,00.

A partir disso, uma tabela é criada, pois os valores de juros e amortização se alterarão a cada mês. Mas para ficar fácil o entendimento, vamos fazer aqui os primeiros meses, ficando assim:

Tabela Price

        Saldo devedor                    Juros                 Amortização             Prestação             Saldo Atualizado

            200.000,00                        1.660,00                       540,00                     2.200,00                       199.460,00

             199.460,00                         1.655,51                        544,48                     2.200,00                        198.915,52

             198.915,52                          1.650,99                        549,01                      2.200,00                        198.366,00

Tabela Price

                      Mês 1:

Saldo devedor: 200.000,00   

Juros: 1.660,00 

Amortização: 540,00

Prestação: 2.200,00

Saldo Atualizado: 199.460,00

                      Mês 2:

Saldo devedor: 199.460,00 

Juros: 1.655,51 

Amortização: 544,48

Prestação: 2.200,00

Saldo Atualizado: 198.915,52

                      Mês 3:

Saldo devedor: 198.915,52 

Juros: 1.650,99 

Amortização: 549,01

Prestação: 2.200,00

Saldo Atualizado: 198.366,00

Perceba que a amortização vai aumentando e os juros diminuindo ao longo do prazo, porém no início do contrato a parcela é composta por um valor bem maior de juros do que de amortização.

Vantagens do Sistema Price:

Parcelas fixas facilitam o planejamento financeiro, já que o valor não se altera.

É uma boa opção para quem tem orçamento limitado ou prefere previsibilidade.

Desvantagens do Sistema Price:

Os juros totais pagos ao longo do contrato tendem a ser mais altos, já que a amortização inicial é menor.

A dívida é reduzida de forma mais lenta no início.

Sistema de Amortização Constante (SAC)

O Sistema de Amortização Constante (SAC), como o próprio nome já diz, possui um valor de amortização constante, ou seja, a parcela irá alterar o seu valor de acordo com os juros do saldo devedor.

Funciona assim:

O valor da amortização é fixo em todas as parcelas.

Os juros são calculados sobre o saldo devedor restante.

No início do contrato, as parcelas são mais altas, pois incluem os juros sobre o saldo total. Com o tempo, as parcelas diminuem, já que o saldo devedor é reduzido.

Vamos utilizar o mesmo exemplo anterior, somente alterando o sistema de amortização escolhido.

Tabela SAC

        Saldo devedor                    Juros                 Amortização             Prestação             Saldo Atualizado

            200.000,00                        1.660,00                       555,00                     2.215,00                       199.445,00

             199.445,00                         1.655,39                        555,00                     2.210,39                       198.890,00

             198.890,00                        1.650,78                        555,00                     2.200,00                      198.355,00

Tabela SAC

                      Mês 1:

Saldo devedor: 200.000,00   

Juros: 1.660,00 

Amortização: 555,00

Prestação: 2.215,00

Saldo Atualizado: 199.445,00

                      Mês 2:

Saldo devedor: 199.445,00

Juros: 1.655,39 

Amortização: 555,00

Prestação: 2.210,39

Saldo Atualizado: 198.890,00

                      Mês 3:

Saldo devedor: 198.890,00 

Juros: 1.650,78

Amortização: 555,00

Prestação: 2.200,00

Saldo Atualizado: 198.355,00

Apesar de parecer pouca diferença olhando somente no valor das parcelas e no saldo devedor, a diferença maior se dá ao final do contrato, onde nesse sistema o pagamento de juros é menor do que comparado ao Price.

Vantagens do SAC:

Redução significativa do saldo devedor desde as primeiras parcelas.

Menor pagamento de juros no longo prazo.

Desvantagens do SAC:

Parcelas iniciais mais altas podem ser desafiadoras para quem tem orçamento limitado.

Vale a pena amortizar ou não?

Amortizar ou não amortizar, eis a questão! Tudo nessa vida depende de uma análise coerente e bem-informada sobre a decisão que quer tomar.

A realidade é que em alguns casos amortizar uma dívida pode ser vantajoso, especialmente quando o objetivo é reduzir os custos financeiros. Porém, vamos analisar alguns fatores antes de bater o martelo.

Quando vale a pena amortizar?

• Taxa de juros alta: Se o custo do financiamento é elevado, amortizar ajuda a reduzir os juros totais pagos.

• Recursos extras disponíveis: Se você receber um bônus, 13º salário ou outra renda inesperada, usar esse dinheiro para amortizar pode ser mais vantajoso do que gastá-lo em consumo imediato.

• Objetivo de reduzir prazos: Amortizar pode ajudar a quitar o financiamento mais rapidamente, reduzindo a quantia de juros pagos.

Quando não vale a pena amortizar?

• Investimentos mais rentáveis: Quando o retorno de seus investimentos é maior do que a taxa de juros do financiamento. Nesse caso pode ser mais interessante investir o dinheiro do que amortizar.

• Impacto no fluxo de caixa: Quando a amortização impacta diretamente na sua liquidez ou reserva de emergência. Não utilize o dinheiro da reserva para amortizar!

Quando fazer uma amortização?

O momento ideal para amortizar vai depender da sua situação financeira. Em geral, recomenda-se:

• Logo no início do contrato: A maior parte dos juros é cobrada no início do financiamento, por isso amortizar nessa fase gera uma maior economia.

• Quando há recursos extras: Tem dinheiro sobrando? Use para reduzir sua dívida e economizar no longo prazo.

• Quando a dívida tem custo elevado: Priorize dívidas com altas taxas de juros.

Amortizar prazo ou prestação?

Ao optar por uma amortização extraordinária (isso quer dizer além da amortização comum em cada parcela, é o famoso “pagar de trás para frente” que dizem por ai), você pode escolher entre:

• Reduzir o prazo: Mantendo o valor das parcelas, o saldo devedor é quitado mais rápido.

• Reduzir o valor das parcelas: Mantendo o prazo, o alívio financeiro é imediato, mas o saldo devedor não sofre grandes mudanças.

Mas então quando reduzir o prazo?

Quando o objetivo é economizar em juros.

Quando você tem estabilidade financeira e pode continuar pagando parcelas maiores.

E quando reduzir o valor das parcelas?

Quando busca um alívio imediato no orçamento mensal.

Quando quer melhorar o seu fluxo de caixa para outras prioridades.

Conclusão

Amortização é sem dúvidas um tema essencial para quem deseja lidar melhor com suas dívidas e construir um futuro financeiro mais sólido. Saber como funcionam os diferentes sistemas de amortização, como o Sistema Price e o SAC, é fundamental para tomar decisões conscientes e vantajosas.

Se você tem recursos disponíveis, amortizar pode ser uma excelente estratégia para economizar em juros ou para ajustar seu orçamento. Lembre-se de sempre levar em consideração os seus objetivos.

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Caio Maillis

Gestor Financeiro, graduando em Ciências Econômicas e Pós-graduando em Finanças, Investimentos e Banking.
Criador de conteúdo, roteirista do Mundo Investidor e empreendedor.

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