As ações da Casas Bahia (BHIA3) seguem em forte valorização na B3, acumulando alta de 77% apenas em março. Na sessão desta terça-feira (11), os papéis chegaram a saltar 26,87%, atingindo R$ 5,95 na máxima do dia. O movimento ocorre às vésperas da divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24), prevista para esta quarta-feira (12), após o fechamento do mercado.
A forte valorização dos papéis chamou a atenção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que solicitou esclarecimentos à companhia sobre a negociação atípica. Em resposta, a Casas Bahia (BHIA3) afirmou não ter conhecimento de qualquer fato relevante que pudesse justificar a recente alta.
O que pensam os analistas
Analistas do mercado apontam que a disparada das ações pode estar relacionada a um short squeeze — movimento no qual investidores que apostam na queda do papel (vendidos) são forçados a recomprá-los para evitar prejuízos, acelerando ainda mais a valorização do ativo.
Segundo um relatório da XP Investimentos, aproximadamente 25% das ações da Casas Bahia (BHIA3) estão em posição vendida, um percentual elevado que indica um grande volume de apostas na desvalorização dos papéis.
Rafael Ragazi, analista da Nord Investimentos, avalia que o movimento reflete a reprecificação da companhia, após uma desvalorização de mais de 99% entre julho de 2022 e o final de fevereiro de 2025. Segundo ele, apesar da recente recuperação, os desafios operacionais e financeiros da varejista ainda exigem cautela por parte dos investidores.
O que esperar do balanço do 4T24?
A expectativa para os resultados do quarto trimestre é de melhora operacional, impulsionada pelo crescimento das vendas em lojas físicas e pelo fortalecimento do marketplace (3P). A XP estima que o GMV (volume bruto de mercadorias) cresça 7% na base anual, com avanço de 9% nas vendas das mesmas lojas (SSS) e crescimento de 9,5% no marketplace, enquanto o modelo de estoque próprio (1P) ainda apresenta retração de 5%.
Além disso, a margem bruta deve se expandir em 310 pontos-base (bps), impulsionada pelo aumento da penetração de serviços financeiros e por preços mais racionais. O Ebitda ajustado também deve mostrar evolução, com melhora de 540 bps, refletindo maior controle de despesas operacionais.
No entanto, a varejista deve seguir registrando prejuízo líquido. A XP projeta uma perda de R$ 305 milhões no 4T24, impactada pelo alto custo da dívida e despesas financeiras elevadas.
Endividamento e desafios para 2025
Apesar dos sinais de recuperação, a Casas Bahia (BHIA3) ainda enfrenta desafios significativos, especialmente no que se refere à sua estrutura de capital. O BB Investimentos alertou recentemente que o endividamento da companhia segue elevado e que a alta da taxa Selic continua pressionando os custos financeiros.
Diante desse cenário, o banco manteve a recomendação de venda para os papéis da Casas Bahia (BHIA3), reduzindo o preço-alvo de R$ 6,70 para R$ 3,80.
Para 2025, a expectativa é de continuidade do plano de reestruturação, com foco no crescimento do marketplace e no fortalecimento dos serviços financeiros. No entanto, analistas alertam que a volatilidade das ações deve permanecer elevada, especialmente com a presença expressiva de investidores vendidos no papel.
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